José Roberto Lima*
Quem está na luta para alcançar um objetivo, seja ele qual for, costuma ouvir este conselho nos momentos mais difíceis: “Não desista”. É isso que, frequentemente, os estudantes ouvem quando estão se preparando para um concurso ou para o Enem.
Será esse um bom conselho? A resposta é “não”. Vejamos o porquê.
Mesmo com a melhor das intenções, quando usamos uma expressão negativa, o cérebro registra a mensagem positivamente. Não é por acaso que as crianças, mesmo quando já dominam a linguagem, levam muito tempo para compreenderem os significados de diversos “nãos”.
Quer ver um exemplo dessa dificuldade para o nosso cérebro registrar as expressões negativas? Aí vai: 1) Pense num automóvel. 2) Agora “não pense” num coelho branco. Ora, tão logo ouvimos o comando para “não pensar” num coelho, é exatamente isso que surge em nossa mente. Veja outros exemplos e outras reflexões sobre esse tema em https://www.youtube.com/watch?v=VpyQhaTY2Ls.
De acordo com essa mesma fonte, há uma grande diferença em dizer para alguém “não se esqueça do seu compromisso” em vez de “lembre-se do seu compromisso”. No primeiro caso, há muito mais chances de o compromisso ser esquecido.
Então, se você quer animar seu filho ou sua filha, seu marido ou sua esposa, seu irmão ou sua irmã, seu amigo ou sua amiga a seguir firme nos estudos, evite dizer frases do tipo “não desista”. Evite, principalmente, dizer frases assim nos momentos em que a jornada é difícil para quem você quer incentivar.
Veja outras expressões semelhantes a essa, e prefira a versão sem o termo negativo: 1) “continue estudando” em vez de “não pare de estudar”. 2) “siga atento a seus objetivos” em vez de “não se desvie dos seus objetivos”. 3) “faça seus exercícios hoje” em vez “não deixe seus exercícios para amanhã”.
Desse modo, e em resposta ao título desse artigo, diga “insista” em vez de “não desista”. Leve em conta aquela famosa frase do filósofo e matemático René Descartes: “Penso, logo existo”. E, para animar a pessoa do seu apreço, que está na luta para progredir na vida pelos estudos, faça essa paráfrase: “Penso, logo insisto”.
Desejo a meus alunos, leitores e seguidores bons estudos.
* Advogado, delegado federal aposentado, professor das Faculdades Promove e mestre em Educação. Autor dos livros “Como passei em 16 concursos” e “Pedagogia do Advogado”. Escreve neste espaço às quartas-feiras.