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José Roberto LimaJosé Roberto Lima é advogado, delegado federal aposentado, mestre em Educação, professor da Faculdade Promove e autor de “Como Passei em 16 Concursos”

Na OAB, sim. Nos concursos, também

Publicado em 22/04/2017 às 19:47.Atualizado em 15/11/2021 às 14:14.

Recebi muitas mensagens sobre o artigo da semana passada. O tema foi o valor pedagógico das aulas em que os alunos compartilham suas dúvidas e certezas. Afinal, ninguém esquece as lições em que os professores “bagunçam” a aula com o arrasto de cadeiras para a formação de grupos. Essa técnica é tão eficiente que a Harvard University organiza suas salas num modelo distinto do tradicional. As cadeiras são dispostas em torno de várias mesas, induzindo os alunos à troca de ideias.

Nas mensagens que recebi surgiram comparações com os ensinamentos cristãos de amor ao próximo e negação do egoísmo. Mas um dos leitores argumentou que quem compartilha o que sabe pode perder a vaga para o colega. E concluiu: “Na prova da OAB isso não prejudica ninguém, pois são aprovados todos que alcançam determinada pontuação. Mas, nos concursos, passam os que têm melhores notas”.

Agradeço por todas as mensagens, inclusive esta última. Afinal, ela me dá oportunidade de esclarecer que o ato de compartilhar, embora reconhecido pelos leitores com uma atitude cristã, não se esgota neste aspecto. Não podemos perder de vista o valor pedagógico. Ou será que a Harvard University está no caminho errado?

As objeções do leitor levam em conta o conteúdo econômico dos saberes. Porém, distintamente do que ocorre com outros bens, o conhecimento não rende juros nem correção monetária quando é mantido na posse exclusiva de alguém. Noutras palavras: o saber só vira sabedoria quando é compartilhado.

Quem já lecionou sabe que o professor é quem mais aprende as lições, justamente por acionar o mecanismo de memorização, quando transmite os conteúdos. Guimarães Rosa, sobre esse tema, assim disse: “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”. Cora Coralina, a poetisa com sua impressionante biografia de quem começou a escreve versos na terceira idade, também foi genial: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.

Mas eis a objeção que não quer calar: “Mesmo que eu me beneficie ao compartilhar saberes, aumentarei as chances dos meus concorrentes”. E o leitor pode ir mais além, dizendo que, para a OAB, tudo bem, porque não está concorrendo com ninguém. Mas, quanto aos concursos, é cada um por si. No entanto, quem se recusa a compartilhar seus saberes esquece quase tudo que aprendeu. Quem age desse modo é como o avarento que guarda suas colheitas em silos e se alegra em dizer: não dou, não vendo e não empresto. Quando decide usá-las, já foram corroídas pelas traças.

Precisamos, enfim, deixar de ver nosso colega como o concorrente. Embora o seja, só temos a ganhar quando trocamos ideias com ele. É por isso que, em resposta ao leitor, cuja manifestação não me canso de agradecer, eu digo o seguinte sobre compartilhar o que sabemos: Na OAB, sim. Nos concursos, também.

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