As instituições policiais mais conceituadas do mundo têm a moderna preocupação de preparar seus servidores para a aposentadoria. A PM de Minas, por exemplo, tem um programa exemplar de transição para a inatividade.
Ao se aposentar, se o policial não estiver preparado para os seus novos papeis sociais, enfrentará dificuldades. Os casos vão desde perturbações emocionais graves até a chamada “Síndrome Jack”. E é assim que se ouve frases com estas: “Já que você está à toa, pegue os netos na escola”. “Já que você não está fazendo nada, conserte o telhado”.
Existem casos, mais rotineiros do que se imagina, de policiais que se aposentam e se engajam firmemente nos estudos. Os casos são os mais diversos: começam a faculdade dos sonhos ou fazem uma segunda graduação ou fazem um mestrado etc.
A hipótese mais comum, no entanto, é retomar os estudos para um novo concurso. Bem... o sujeito passou três décadas se dedicando à segurança pública. Conquistou, finalmente, o direito de receber seus proventos mensais e se dedicar à tarefa de aprender. Aí, no momento da mais elevada concentração nos estudos, um familiar lhe dirige a palavra e diz: “Já que você está à toa...”
Isso também ocorre com os jovens, e até mesmo crianças. Você, que está lendo este texto, certamente se lembra de alguma ocasião da infância quando estava estudando e um adulto te interrompeu com a “Síndrome do Jack” para te passar uma tarefa.
Então – meus caros colegas policiais – a “Síndrome do Jack” não é uma exclusividade nossa. Muitas pessoas ainda associam os estudos como uma perda de tempo, como uma coisa de desocupados.
Na maioria das vezes, não é por mal que o seu familiar mais querido lhe dirige a palavra assim. A frase magoa – eu sei. Mas, tirando os casos cuja motivação é a inveja, o seu irmão ou a sua irmã, o seu pai ou a sua mãe quer é um pouco da sua atenção.
Tive um aluno que sempre se destacava com notas acima da média. Ao tomar posse num cargo disputadíssimo, ele se lembrou do que o pai lhe havia dito vários meses antes: “Já que você está à toa, me ajude a lavar o carro”.
Ele se sentiu magoado. Mas largou os livros sobre a mesa e, por obediência, acatou o pedido. Hoje ele é orgulho do pai. Entendeu, finalmente, que a frase do “Jack” não lhe foi dita para ofender. Foi um meio de o pai ter a atenção do filho.
Desejo a você – leitor ou leitora – que esse “causo” seja inspirador. E “já que você está à toa” (rsrsrsrs), divulgue-o nas suas redes sociais.
A todos, bons estudos.