José Roberto LimaAdvogado, professor e palestrante, com a experiência de quem foi aprovado em 15 concursos públicos.

Para quem eu escrevi sobre zona de conforto?

Publicado em 18/05/2022 às 06:00.

Perguntaram-me sobre o artigo de 27.4.22. Foi sobre a opção de algumas pessoas em permanecerem presas a zonas de conforto. Com o tempo isso custa caro, seja nas relações afetivas, nos estudos ou nos concursos.

Mencionei o caso de quem foi preso injustamente. Ao sair da cadeia, desabafou: “Há um mundo lá fora pior que esta cela”. A prisão se tornara sua zona de conforto. Porque não queria enfrentar seus familiares e seus colegas de trabalho, supondo que não acreditariam na inocência dele.

Também existe quem prefira aprisionar-se num relacionamento de simples zona de conforto. E, às vezes, investir em outro, mesmo com a garantia de libertação e companheirismo, depende de perdoar e compreender algum “senão” na vida. Mas é exatamente isso que vale a pena. Porque a disposição de tornar o outro uma pessoa melhor faz os dois mais felizes.

Assim também ocorre nos concursos. Quando alguém, já integrado a uma repartição pública, se depara com a chance de um novo concurso, mesmo que o salário seja melhor, pode tender a acomodar-se. Depois, ao ver os colegas progredindo noutros cargos, sente-se preso à zona de conforto que escolhera.

Mas, para usar uma expressão da nossa mineiridade, um leitor acabou me “pegando no contrapé”. Ele disse que eu usei a seguinte frase, com pronome demonstrativo feminino: “Acredite em si mesma”.

E eis a pergunta:

- Quem é a musa inspiradora desse artigo, professor?

Admito que pode ter sido o que Sigmund Freud chamava de "ato falho" que, em resumo, pode ser assim conceituado: na pressa ou distração de dizer uma coisa, mas pensando noutra, misturamos as frases e revelamos o que preferiríamos esconder.

Mas, respondendo à embaraçosa pergunta... não é elegante escrever em público o que deve ser sussurrado a sós. Eu apenas fiz uma comparação entre o afeto aprisionado numa zona de conforto e a acomodação de um funcionário num cargo.

Mas o leitor prosseguiu:

- O senhor ainda não respondeu. Escreveu ou não escreveu para alguém?

- Escrevi para quem quer progredir nos estudos e na vida.

- E o ato falho?

- Bem... parafraseando Freud, sobre uma circunstância envolvendo ele mesmo, "há momentos na vida de um homem em que um ato falho é apenas um ato falho".

- Mas, professor Roberto... Logo o senhor... que tem o costume de evocar “leitores e leitoras”, “alunos e alunas”.  O pronome está no seu texto, e só na forma feminina.

- Bem... foi coincidência. Agora... mudando de assunto, desejo a todos bons estudos.

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