A modernidade tecnológica trouxe muitos benefícios para todos nós. Então, o mundo está passando por profundas transformações sociais. Isso incluiu novas relações entre professores e alunos. Muitos jovens sofrem com o imediatismo. Querem respostas rápidas, sem paciência para entender o “porquê”.
Durante a elaboração de um trabalho de conclusão de curso, o temido TCC, tive oportunidade de colaborar com uma aluna. O orientador dela era formado em Direito e em Letras.
Meu colega, de modo atencioso, explicava as normas cultas de diversos temas, tais como o uso da crase, o emprego das letras iniciais maiúsculas, etc. E claro: várias dúvidas da aluna eram sobre o uso de “por que”, “porque”, “por quê” e “porquê”.
Para cada pergunta, o professor tentava apresentar os fundamentos, em vez de apenas dar a resposta. Mas o imediatismo da aluna era muito intenso.
Assim, obtendo a resposta de uma pergunta, ela não se importava em entender o “porquê”. E passava para outra demanda de correção gramatical. E eu não me contive:
- Você quer aprender? Ou você quer apenas a resposta?
Houve uma pausa de silêncio. E o colega tomou palavra para dizer - quase numa pontinha de ironia - que a orientanda estava querendo aprender sim. A aluna percebeu o clima e se desculpou. E meu colega prosseguiu nas orientações.
Passados vários meses, quando a orientanda já havia sido aprovada e estava bem estabelecida profissionalmente, ela voltou à Faculdade para nos agradecer pelas lições aprendidas. Então, comentamos uma das reflexões que fizemos durante orientação no TCC:
“Por que saber o porquê”? E a recém-formada lembrou a resposta que lhe havíamos dado:
- Porque tudo na vida tem um sentido e uma razão de ser.
- Isso mesmo - comentou meu colega formado em letras. E perguntou como a resposta deve ser escrita (se com “por que”, “porque”, “por quê” e “porquê”).
- Minha resposta é com “porque”. Todas as respostas devem ser assim. Já a sua pergunta, Professor, tem o “por que” separado. As perguntas em geral são feitas assim.
- Ah, sim. Você disse que as perguntas, em geral, são assim. E qual é a exceção?
- Ah! Quando o “por quê” está no final da pergunta. Aliás - perguntou a aluna alegremente: “Está me perguntando isso por quê”?
- E o “porquê”, escrito junto, com acento?
- Uai! Quando exerce função de substantivo. Quer que eu te explique o porquê”?
E não tivemos dúvida: valeu a pena aprovar aquela aluna.
A todos eu desejo bons estudos.