José Roberto LimaJosé Roberto Lima é advogado, delegado federal aposentado, mestre em Educação, professor da Faculdade Promove e autor de “Como Passei em 16 Concursos”

Qual é o seu vulcão?

Publicado em 02/07/2025 às 06:00.


As redes sociais foram inundadas de mensagens sobre o incidente que vitimou a alpinista Juliana Martins durante um turismo de aventura na Indonésia. Nesses tempos de intolerância e fanatismo ideológico, não faltaram os “juízes de plantão” para condenarem a própria vítima que perdeu a vida ao escalar o Monte Rinjani, que fica próximo a um vulcão.

Antes de qualquer comentário, presto a minha solidariedade à família da jovem Juliana. Uma vida que se perde numa circunstância tão trágica representa uma perda para toda a humanidade. 

Muitos excursionistas já haviam perdido a vida naquele mesmo local. Mas a morte da brasileira repercutiu mundo afora. Usuários das redes sociais criticaram a lentidão nas operações de busca. E a família dela assim protestou: "Se a equipe de resgate tivesse conseguido salvá-la dentro das sete horas estimadas, Juliana ainda estaria viva" (fonte no Instagram: @resgatejulianamarins).

Apesar das críticas quanto à demora em se prestar o socorro, o chefe do Parque Nacional do Monte Rinjani afirmou que o processo de evacuação foi realizado de acordo com os procedimentos padrões. Mas admitiu que seu grupo realizará uma avaliação completa após o incidente, desde a instalação de infraestrutura de segurança até o aumento do efetivo em pontos vulneráveis.

E quanto à vítima e aos familiares dela? Tudo de que eles não precisam agora são palavras de condenação. A Juliana tinha o alpinismo como lazer. Isso era um direito dela. Todos nós temos direito à uma atividade de lazer. Isso faz bem para nossa saúde mental.

“Mas ela tinha que escolher um lazer tão perigoso, próximo a um vulcão”? Se você sugere essa objeção, saiba que os chamados esportes radicais, que envolvem perigo, podem resultar numa enorme fonte de prazer. E a pessoa se sente revigorada para o dia a dia.

Esse fenômeno é estudado pela Psicologia e ciências correlatas. Muitos profissionais até recomendam atividades que, embora seguras, despertam um medo a ser enfrentado. É por isso que os parques temáticos estão cheios de montanhas russas, rodas gigantes e outros brinquedos aparentemente apavorantes. 

E, no final, adultos e crianças desembarcam vivos e com enorme sensação de alívio. E o melhor: sentem-se mais dispostos a enfrentar os perigos reais da vida. E o trabalho rende mais. E os estudos, também.

É por isso que, visando a melhoria nos seus estudos, eu te pergunto: qual é a sua montanha-russa que você está disposto a enfrentar? Qual é a sua tirolesa? Qual é a sua montanha a ser escalada? Qual é o seu vulcão?

A todos, seja qual for o grau de perigo do lazer escolhido, eu desejo bons estudos. 

* Advogado, delegado federal aposentado, mestre em Educação, professor da Faculdade Promove e autor de “Como Passei em 16 Concursos”. Escreve neste espaço às quartas-feiras.

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