O direito de assumir um cargo público não pode ter por critério a amizade com a autoridade que faz a nomeação. Isso é uma das injustiças que os líderes da Revolução Francesa denunciaram na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789. Em seu artigo 21, está escrito que “toda pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país”.
Mas suponha que os cargos começam a ser ocupados por indicações políticas. Você - estudando com afinco - que chance terá de ser nomeado? E quanto a um indivíduo nomeado por ser amigo de um político? Você confiaria na qualidade do serviço público que ele iria prestar?
E quanto à “rachadinha”? Ah, a “rachadinha”, irregularidade que consiste em entregar parte do salário (que vem do nosso dinheiro) ao político que indica um servidor. Essa prática nojenta é inversamente proporcional à realização de concursos.
Quanto menos concursos, mais “rachadinhas” que podem infestar as repartições públicas de funcionários desonestos (ou, para dizer o mínimo, sem a autoestima para ver a si mesmo como merecedor do próprio salário). Quanto mais concursos, mais pessoas bem preparadas assumirão os cargos, com a postura e a consciência de que os políticos passam, mas o Estado fica.
Então, proponho a resolução do seguinte problema de regra de três:
Numa instituição pública realiza-se concurso anualmente, motivando os candidatos a se prepararem. Eles são selecionados pelo mérito, sem interferência política. Um certo governante assume o poder e preenche os cargos por indicações suas. No mesmo governo, surgem casos pretéritos de “rachadinhas”, sobretudo entre parlamentares e seus funcionários.
Assim, monte a regra de três e responda: 1. Quantos concursos serão necessários para restabelecer seriedade nesta repartição? 2. Quantas eleições serão necessárias para os candidatos entenderem que, ao assumirem um cargo político, não se tornam dono da coisa pública.
As eleições municipais ocorrerão em breve. Pense nesse exercício de regra de três e escolha um candidato que tenha compromisso com a ocupação dos cargos públicos pelo mérito, apurado em concursos.
A todos eu desejo bons estudos.