Kênio PereiraDiretor Regional em MG da Associação Brasileira de Advogados do Mercado Imobiliário. Advogado e Conselheiro do Secovi-MG e da CMI-MG.

Estagiário: plante primeiro e colha depois

Publicado em 21/03/2022 às 06:30.

O período do estágio em qualquer área de estudo é a oportunidade mais valiosa de contato com a realidade da profissão na qual se pretende atuar. Porém, há aqueles que perdem a chance de se aprofundar em determinado ramo de conhecimento, por se concentrar apenas na remuneração e, assim, se esquece de focar nos objetivos de um estágio, que são: aprender, vivenciar além do banco da escola, se aprimorar profissionalmente e, talvez, ser contratado no futuro.

Diferentemente de um emprego, a finalidade de um estágio não deve ser o valor da bolsa (pagamento) recebida pelo estudante, mas, sim, a experiência a ser adquirida com o contato no dia a dia da atividade. Vários são os advogados bem sucedidos que tiveram suas carreiras viabilizadas por estágios voluntários que lhes renderam experiência.

Qual critério usar para se candidatar a um estágio?

São comuns os casos em que o estudante fica em dúvida sobre para qual vaga de estágio deve se candidatar, diante da especificidade de cada área. No Direito, por exemplo, encontra-se oportunidades na Administração Pública, no Ministério Público, na Defensoria Pública e nos escritórios de advocacia, sendo que, nesses, há uma grande diversidade de segmentos: direito de família, tributário, civil, penal, imobiliário, entre outros.

O candidato ao estágio que não tem foco em seu objetivo de carreira pode fazer escolhas equivocadas se pensar apenas no dinheiro. Se pretende prestar concursos públicos, atuar em balcões de secretárias da Administração pode ser interessante, pois permitirá conhecer o ambiente e trocar experiências com pessoas que trilharam o caminho pelo qual deseja passar. Entretanto, se sonha em advogar, não faz sentido perder tempo e energia se dedicando a uma função diferente, sendo ideal que não apenas busque oportunidades nos escritórios, mas principalmente naqueles cuja área de atuação lhe interessa.

Quem planta e cria raízes colhe bons frutos

Diante do fato de que o maior interesse de alguns estudantes é a remuneração do estágio, qualquer proposta financeiramente melhor se torna atraente, sendo que esse aprendiz tende a mudar de estágio de acordo com quem paga mais. Porém, agindo assim, além de causar prejuízos ao local que abandonar, onde teve investimento de tempo e dinheiro e a dedicação de quem o acolheu, inviabiliza sua carreira, pois só obtém conhecimentos superficiais e deixa de se aperfeiçoar em uma área.

Infelizmente, tem sido fácil encontrar profissionais “medianos” no mercado, sendo pessoas que atendem clientes com qualquer tipo de demanda, mesmo que não dominem o assunto sobre o qual a atuação será necessária. Assim, surgem milhares de profissionais generalistas, que sabem um pouco sobre cada assunto e por isso cometem equívocos que só seriam aceitáveis no estágio. Isso é o que ocorre com o estagiário nômade, com o agravante de que, ao se lançar no mercado após concluir os estudos, diante da falta de experiência aprofundada, poderá gerar ou aumentar o prejuízo da pessoa que lhe confiar um serviço.

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