O que começou como uma inquietação de produtores rurais do Distrito Federal se transformou em um projeto de inovação que hoje reposiciona Brasília no mapa da viticultura nacional. E o ponto de virada dessa trajetória não veio de grandes consultorias ou fóruns setoriais, mas da vivência prática proporcionada por três viagens técnicas organizadas pela Agrotravel - empresa especializada em experiências e roteiros para o agronegócio.
Ronaldo Triacca, presidente da AgroBrasília, sócio da Vinícola Brasília e um dos idealizadores da Rota do Vinho de Brasília, destaca a profundidade e o impacto da experiência vivida.
"As experiências com a Agrotravel são impactantes, pois além do alto profissionalismo da empresa, as viagens são uma verdadeira imersão nos temas que buscamos. É muito diferente – e melhor – do que já experimentei em outras viagens técnicas", afirma.
Rodrigo Sucena, coidealizador do projeto conta que "as viagens do projeto foram decisivas".
"Através da Agrotravel tivemos a oportunidade de falar com produtores de
forma direta, entender o que é realmente produzir uva e fazer vinho. Isso ajudou muito no início", relembra.
A primeira expedição teve como destino Petrolina (PE), referência nacional em fruticultura irrigada. Foi ali que tudo começou a ganhar corpo. O grupo teve contato direto com técnicas de manejo adaptadas a climas semiáridos e iniciou uma imersão profunda no universo da uva como cultura economicamente viável fora dos polos tradicionais. Essa vivência foi decisiva para plantar a semente do que, um tempo depois, se tornaria a Vinícola Brasília – projeto coletivo que hoje reúne o investimento e o sonho de dez famílias, pioneiras na produção de vinhos no Cerrado brasileiro.
O segundo destino foi a Serra Gaúcha (RS), berço do vinho brasileiro. Em Bento Gonçalves e Gramado, um grupo crescente de interessados começou a desenhar o que viria a ser um projeto maior.
"Ali, a gente não só conheceu vinícolas, mas começou a entender o enoturismo como modelo de negócio. Foi onde a ideia ganhou forma e estrutura", explica Sucena.
A última e talvez mais decisiva etapa foi a Serra da Mantiqueira (SP). Nessa visita, o grupo conheceu de perto a técnica da dupla poda, desenvolvida por pesquisadores brasileiros, que permite a produção de uvas durante o inverno – período mais seco e com maior amplitude térmica, ideal para o cultivo no Cerrado. Esse conhecimento, até então distante da realidade local, tornou-se a peça-chave para a viabilidade técnica do projeto.
"Essa imersão teve grande relevância nas decisões de negócios. Aprofundei bastante na atividade que iria iniciar, e isso foi fundamental para o meu sucesso atual", complementa Ronaldo Triacca.
Fabio Torquato, fundador da Agrotravel, acompanhou cada passo da jornada.
"Nosso propósito sempre foi promover experiências que entreguem mais do que conhecimento técnico. A gente busca criar conexões reais, despertar novos olhares para o negócio, e esse projeto é a prova disso", afirma.
Com o conhecimento aplicado no campo, nasceu a Rota do Vinho de Brasília. Mais do que vinhedos produtivos, o projeto estruturou uma proposta completa de enoturismo. Os visitantes vivenciam desde o cultivo e manejo das vinhas até degustações sensoriais de vinhos de terroir do Cerrado – uma combinação que tem movimentado a economia regional, atraído turistas e inspirado novos empreendedores.
Hoje, a viticultura no Cerrado é um case de sucesso – não apenas agrícola, mas de empreendedorismo e visão estratégica. E por trás desse movimento, está uma jornada que começou com curiosidade, seguiu com conhecimento de campo e floresceu com a ajuda de quem entende que, no agro, aprender também pode ser uma experiência transformadora.
* Diretor Executivo da Assimptur