Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

A cabeça do herói

Publicado em 03/05/2022 às 06:00.

Passado o 21 de abril, uma das datas mais importantes da história do Brasil, permaneceu viva e forte a dúvida sobre o destino que se deu à cabeça do herói, após sua execução do enforcamento no Rio de Janeiro, em 1792.

Sabe-se o principal e repito o que há: Contam os livros de História que, depois de enforcado, o herói da Conjuração Mineira teve o seu corpo esquartejado e salgado, e os pedaços levados a diferentes lugares no Caminho Novo, entre o Rio de Janeiro e Vila Rica, para ficarem expostos em praça pública, com o que se pretendia até aterrorizar  as populações e desencorajaram novas sedições e revoltas contra os poderes discricionários da Monarquia no Brasil. 

Para Vila Rica, sede principal da conspiração, levou-se a cabeça decepada de Joaquim José. Esta parte do corpo foi colocada dentro de uma gaiola de ferro, dependurada na ponta de um poste alto, e ali deixado sob permanente vigilância, dia e noite, por quatro soldados da milícia paga, PM de então, em frente ao Palácio dos Governadores, atual Praça da Independência.

Numa noite, a cabeça simplesmente desapareceu, Vila Rica entrou em suspense, a guarda caiu em apuros. Como explicar? Até hoje, o mistério.

Mas, Rubens Fiúza, já falecido, deixou-nos um livro que dá versão acreditável à ocorrência. Refiro-me a “Tiradentes-Crônicas da Vida Colonial Brasileira”, tão pouco conhecido até hoje, editado em 2006. Estudioso de História, Geografia e Sociologia, principalmente de sua região, ingressou a fundo no mistério, como outros daquela “Mesopotâmia Indaiá-São Francisco”. O neurologista da Santa Casa de Belo Horizonte, Gervasio Teles Cardoso de Carvalho aliou-se a José Hipólito de Moura Faria, para resgatar  a aventura prodigiosa para aquele tempo e lugar.

O furto da cabeça foi um “evento”, no sentido hoje popularizado. Tudo é esmiuçado cuidadosamente, lembrando as precauções e cuidados dos autores da façanha, na noite escura de Vila Rica, em fins de 1793. Cumpria-se o que se decidira, por unanimidade. A cabeça ressecada do alferes devia ser resgatada da gaiola no alto do poste, para que recebesse sepultura cristã, em terreno consagrado. Merecia a reverência quem dispusera a sacrificar a vida pela pátria. E há muito de bom mais nessa publicação.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por