Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Agora, o Peru

Publicado em 16/12/2022 às 10:51.

Embora todos os países estejam inquietos em seus continentes, a América do Sul não se acha mais tranquilo e otimista. Pelo contrário, problemas candentes estão incomodando duramente as nações que nasceram das descobertas de Colombo e dos colonizadores, que sempre foram duros para manter seu poder. Nada a esclarecer a mais, hoje. O triste e doloroso é constatar que os países latino-americanos, que jamais foram uma ilha de tranquilidade e paz, parecem reencaminhar por vias tortuosas.

Eis o caso da Argentina, sempre em turbulência ao longo da história, que recentemente viu sua ex-presidente e ex-vice-presidente, Cristina Kirchner, sentenciada a seis anos de prisão sob acusação de corrupção, desta vez por licitações de obras públicas na província de Santa Cruz, seu berço político. Sua inabilitação é perpétua para cargos por se considerá-la autora do crime de administração fraudulenta.

Peru atravessa novamente uma fase de profunda fragilidade institucional. Castilho era o sexto presidente do país em seis anos. O presidente não tinha maioria no Congresso. As Forças Armadas e a Polícia Nacional declararam que se manteriam fieis à Constituição

No último dia 7, o Congresso do Peru destituiu do cargo o presidente, de esquerda, após ele tentar dissolver o Parlamento e instaurar, sem êxito, um golpe de Estado. Sem apoio e isolado politicamente, Castilho foi preso duas horas após declarar um “governo de emergência” no país; a vice, Dina Boluarte assumiu o cargo.

O Peru atravessa novamente uma fase de profunda fragilidade institucional. Castilho era o sexto presidente do país em seis anos. O presidente não tinha maioria no Congresso. As Forças Armadas e a Polícia Nacional declararam que se manteriam fieis à Constituição e que não aceitariam qualquer ordem contrária à Carta Magna.
Os fatos de agora obrigam lembrar 29 de maio de 1909, em Lima, a capital. Pela manhã, o presidente Augusto Bernardino Leguia foi encurralado em seu gabinete, arrancado do palácio e levado à praça pública. Sob ameaças de morte, a multidão exigia que assinasse um documento renunciando ao poder. Ele, um homenzinho de 1,55 metros, se negava a assinar o documento. Aí, surgiram tropas da Cavalaria, resgataram-no na garupa de um cavalo, volta ao palácio, recuperou as forças, retomou o governo e iniciou violenta repressão aos inimigos.

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