Este ano, como deveria ser de pleno conhecimento, registra-se o quinto centênio de morte de D. Leonor de Lancastre. Fundadora da primeira confraria da Ordem das Santas Casas de Misericórdia, um fato da maior importância para o sistema assistencial na área de saúde no mundo, e que se avocou a uma série de outros tipos de assistência social e humana. A instituição foi fundada em Lisboa, em 15 de agosto de 1498, e a autora do benemérito feito faleceu em 17 de novembro de 1525, após 14 anos como rainha, em que desenvolveu um projeto esplêndido que chegou a quatro continentes.
A palavra “misericórdia” significa doar seu coração a outrem que necessitam de solidariedade, carente, como ensina São Mateus em seu Evangelho. E é isso exatamente o que fazem as Santas Casas do Brasil e do mundo, de que a de Belo Horizonte, fundada em 1899, dois anos após a inauguração da capital, se tornara protótipo.
Gosto de escrever sobre o tema, nesta época em que tantos brasileiros carecem de auxílio efetivo para suprir-se, até de necessidades mínimas, entre as quais a alimentação.
Pois leio, em outro jornal da capital, uma notícia de grande importância. A nossa Santa Casa, por sinal a que promove o maior número de internações do país e realiza o recorde de transplantes de órgãos, decidiu assumir uma nova responsabilidade. Ela inaugurou, em 27 de outubro, mês de São Lucas e do médico, o primeiro Centro de Autismo da metrópole mineira.
O Centro atende exclusivamente pacientes de Belo Horizonte, com idade entre 0 e 18 anos, encaminhados pela Secretaria Municipal de Saúde. O foco principal é destinado a crianças de 5 a 9 anos, faixa etária que concentra maior incidência de diagnóstico TEA. Além de acolher pacientes com diagnóstico confirmado, a unidade também receberá casos suspeitos para avaliação.
Vem muito a propósito a iniciativa, porque a população de Belo Horizonte já sentia falta dessa assistência, sobretudo porque a imprensa vem dando especial relevância ao espectro, que tanto já exige de dedicação das famílias mineiras. A direção da filantrópica foi muito sábia e feliz.