Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Bom para o Brasil

Publicado em 01/05/2024 às 06:00.

Não é de hoje nem de ontem que temos advertido para os problemas que a siderurgia brasileira atravessava. Parece incrível que, tantas décadas após a nação ter criado e desenvolvido um setor econômico tão importante, enfrentando o desafio no mercado internacional, ainda estivéssemos a clamar para que a produção alcançasse os níveis desejados, necessários e indesviáveis. 

Mais recentemente, o ingresso da China no mercado internacional resultou em abalo enorme nos preços, fazendo tremer nossas contas e perspectivas. Finalmente, transpôs-se a barreira e a situação começa a clarear. É uma bela hora, enfim. O Instituto Aço Brasil, que representa as siderúrgicas brasileiras, deu aval à medida providencial aprovada pela União.

Com aplauso, a entidade avalizou a decisão do governo federal de implantar uma cota para importação de produtos siderúrgicos e sobre- taxar em 25% o volume de compras externas que extrapolam o teto. Demorou, mas saiu. Na penúltima semana de abril, o Comitê Executivo da Câmara de Comércio Exterior, Camex, colegiado do governo federal, aprovou a medida. Finalmente.

A decisão ocorre depois que as empresas siderúrgicas nacionais protocolarem pedido para aumentar a alíquota do Imposto de Importação dos diversos produtos ligados ao aço para o percentual referido. Foi o período de uma gestação humana. Nove meses de negociação para resolver-se uma situação predatória para o aço aqui produzido, onde se extrai o minério. Quase a fórceps, mas enfim.

O setor se comprometeu a retomar investimentos previstos e manter os empregos nas siderúrgicas, que estavam ameaçados pelo aumento da importação de aço, principalmente da China. O setor aporta, em média, R$ 12 bilhões por ano no Brasil. Valores médios para manutenção das unidades fabris, mas que podem crescer de acordo com os novos projetos. Grandes empresas como Usiminas, Gerdau, Arcelor e Aperam têm planos de investimentos bilionários em curso, boa parte deles em Minas Gerais. Durante os nove meses de tratativas entre o setor e o governo federal para impor essa sobretaxa ao produto importado, esses investimentos foram colocados sob risco. 

Agora se espera que a China não volte com novas propostas que comprometam tão valioso setor. Chegamos com algum atraso ao ponto atingido. Não é de bom alvitre nem sensato voltar no tempo, o que representaria uma grande perda em uma área da economia a que o Brasil se acha vocacionado historicamente.

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