Enquanto forças policiais, civis e militares de São Paulo permanecem em luta armada e permanente com as quadrilhas formadas e aprimoradas na prática criminosa, fica-se pensando sobre o passado e o presente daquela privilegiada região do país. É que um homem, nascido no dia do Santo Antônio na Vila de Santos, hoje atormentada pelo ruído de escaramuças entre marginais e homens da lei, ficaria aturdido com o espetáculo a que hoje se assiste.
Mais um ano de Independência transcorreu. Sete de setembro está chegando, após o que assinalou o dia, em 2022, o bicentenário. José Bonifácio foi daqueles que entenderam que os dezoito meses, entre janeiro de 1822 e julho de 1823, era o indicado para criar o Estado brasileiro sob a forma de monarquia constitucional, moderada e centralizada.
Naquele interregno, os mais patriotas e perspicazes, percebiam que a hora era chegada, evitando-se a tragédia de guerras atrozes como as que viram falecera a unidade da América espanhola. Certamente os caudilhos retalhariam para si o patrimônio nacional.
Segundo o historiador e diplomata João Alfredo dos Anjos, José Bonifácio anunciou a união latino-americana ao propor aliança defensiva do continente contra o colonialismo europeu. Bonifácio sonhou o primeiro projeto de Brasil moderno, começando com a extinção do tráfico de escravos e a abolição da escravidão, o tratamento humano e integrador com os índios, a divisão dos latifúndios em pequenas e médias propriedades.
Não é isso o que queremos no país de dimensões realmente nacionais? Mas o paulista da região conflagrada presentemente desejava mais. Dedicara espaço prioritário ao projeto da abertura de Minas á promoção da siderurgia e da metalurgia, ao fomento da indústria por meio de financiamento de organismos federais. E há mais, muito mais, a que não se dá a devida atenção. Seus escritos de advertência sobre a destruição das matas e os métodos predatórios da agricultura conservam a atualidade e poderiam ser resgatados para o debate que ora se trava sobre o tema.
José Bonifácio morreu; suas ideias estão vivas e válidas. Seu pensamento e suas preocupações com o futuro do país devem ser lembradas nesta hora em que se debatem problemas tão sérios. As lições de Bonifácio são perfeitamente válidas à meditação e ao planejamento futuro. Ele permanece válido e atual.