Anda inclemente o tempo mais recentemente com os humanos. Sobretudo neste penúltimo mês de 2023, em que sofremos com as elevadas temperaturas, que corroem a paciência e encharcam as camisas dos obrigados a vesti-las nos escritórios.
Os que frequentam as bibliotecas e os saraus acadêmicos, os que se aprazem com o convívio dos apenas devotados aos livros e leituras, verificam que o calendário decidira apenar Minas Gerais e Belo Horizonte.
Num mês mais estreito em número de dias, perdemos duas personalidades marcantes nas faculdades, nas páginas dos periódicos e nos encontros de escritores. Em cerca de 48 horas, não mais suponho, perdemos Maria José Queiroz, autora de mais de 30 títulos e professora inclusive de universidades no exterior, ocupante da cadeira 40 da Academia Mineira de Letras, exatamente na data de proclamação a República.
Com 89 anos, ela residia no Rio de Janeiro, depois de tornar-se a mais jovem professora catedrática do país, façanha conquistada aos 26 anos, ao suceder Eduardo Frieiro, na Faculdade de Letras da UFMG. Um vazio irrevogável, incontestavelmente.
Mas não foi só: proclamada a República, isto é, transposta a data comemorativa, eis que perdemos novamente um protagonista raríssimo no cenário literário do estado e da capital. Refiro-me a Olavo Romano, que foi alto funcionário público, jornalista, escritor com numerosas obras editadas, editor membro e presidente emérito da Academia Mineira de Letras a todas as vozes.
Nascido em Morro Ferro, sensível à inesgotável veia da música do interior, soube aproveitá-la para o rádio de televisão, com bom humor e alegria. Foi incomparável sua gargalhada por ambientes sisudos, mesmo na AML.
Enfim, novembro não foi nada bom neste 2023. Mas a AML mudou muito com ele, opina Jacynto Lins Brandão, atual presidente, por desenvolver trabalho importantíssimo de documentação dos costumes da gente mineira, como acrescentou seu antecessor na AML, Rogério Faria Tavares.