Estamos em final de ano. 2025 agoniza e o sentimento das famílias brasileiras já se volta para as festas natalinas, para as lições que emanam de Jesus e são praticadas pelos que, nos cantos todos do mundo, professam sua fé. Em tempo tão propício à mensagem cristã, já se pensa em termos de solidariedade entre os homens de boa vontade. Nestes momentos, sentimos mais profundamente a fome que não é um espectro sombrio, mas um dos martírios a que se submetem os habitantes de Gaza, e, por extensão, os pobres e carentes do planeta.
Gaza é um diminuto território do mundo. E Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, com profunda convicção, advertiu, dias atrás, em artigo à Imprensa: “A crueldade do flagelo da fome em Gaza é ferida que precisa doer em toda a civilização contemporânea para ser adequadamente tratada. As cenas de aflição e de desespero expressam os atrasos humanitários neste tempo de tantas conquistas científicas e tecnológicas, insuficientes diante das bizarrices políticas que geram situações de extermínio. Confrontar a crueldade em Gaza, com juízo austero, é exigência para as autoridades diretamente envolvidas no conflito.
Essa exigência precisa envolver também líderes de outras partes do mundo, chamados a exercer a co-responsabilidade cidadã. O planeta não pode aceitar, pacificamente, que seres humanos padeçam com a fome. Um flagelo que também ameaça crianças e idosos, no alto dos morros, diante de lugares onde se consome até o desperdício. A chaga do flagelo da fome está também, ainda, como mácula no tecido da sociedade brasileira”.
A fome está nos discursos dos políticos e candidatos (e estamos em plena campanha eleitoral de 2026), sob viadutos e marquises habitados pelos moradores de rua, a que foram atirados por circunstâncias múltiplas, acampados entre morros, sem trabalho digno, entre os que padecem com doenças raras e sem condições de tratamento, entre os que nasceram com deficiências intransponíveis ou sem recuperações, que pedem ajuda e solidariedade. A fome é um problema moral e ecológico que atinge a humanidade, mesmo no Brasil que é nossa pátria e abençoado por Deus. É tempo para neles se pensar e considerar que somos todos iguais e de igual natureza e origem. Seria demais?