Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Eis Amazônia

Publicado em 04/11/2025 às 06:00.

O acadêmico Paulo R. Haddad acaba de encaminhar aos confrades na Academia Mineira de Letras, onde ocupa a cadeira nº 20, na qual foi antecedido por Hindemburgo Chateaubriand Pereira Diniz, importante estudo que diz muito de perto aos interesses brasileiros, principalmente quando se realiza este mês a COP 30, em Belém do Pará. O documento contém um plano de desenvolvimento sustentável para a Amazônia, bem a propósito e consoante sua especialização em Planejamento Econômico no Instituto de Estudos Sociais em Haia e com sua trajetória em relevantes cargos públicos.

Para Paulo Haddad a Amazônia tem de ser considerada, estudada e tratada sem utopia, para alcançar enfim uma grande transformação. Ele é claro e peremptório: “Não se pode esperar que o processo de desenvolvimento sustentável da Amazônia venha a ocorrer através de ações isoladas, projeto por projeto; que os problemas estruturais da Região se equacionem através de ações ad hoc; que a questão da interdependência coevolucionária dos sistemas social e econômico, e ecológico se resolvam pela soma das ações isoladas. Fica a impressão de que quando ao se resolver um problema, a trajetória de desenvolvimento vai avançando, quando, na verdade, muitas vezes quando se resolve um problema dois novos podem estar sendo criados. Não se pode ter ilusão, pois até um relógio parado marca a hora certa duas vezes por dia”.

Para Paulo, o estilo de condução das práticas públicas para resolver os nossos problemas socioeconômicos e socioambientais tem sido, desde 2014, o que se denomina de “ajustes incrementais. Segundo esse estilo de governar, mesmo sem uma visão do futuro, sempre que os formuladores das políticas públicas encontram um hiato ou um descompasso entre uma realidade observada e uma situação ideal, adotam, em seguida, medidas de comando e controle, ou de mecanismos de mercado para preencher esse hiato. Ao se fechar um hiato, contudo, esses passam, num momento seguinte, a serem percebidos politicamente como problemas e são realizadas novas tentativas com o objetivo de fechar os hiatos entre as situações ideais e a realidade”.

Para Haddad, “o Brasil precisa voltar a crescer de forma sustentada e sustentável. E também de forma acelerada para cobrir as dívidas e os déficits socioeconômicos e socioambientais acumulados no passado. A nossa história mostra que os problemas sociais e econômicos podem ser melhor resolvidos quando o País está crescendo significativamente e não apenas através de espasmos ocasionais”.

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