Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Esperando o porvir

Publicado em 18/05/2024 às 06:00.

Violentos tremores de terra na Turquia, tsunamis, no Japão, abalos na crosta da China, incêndios enormes na Austrália, erupções de vulcões na Europa, tempestades de neve no hemisfério Norte são manifestações da natureza que os brasileiros pensavam que só aconteceriam bem longe. Não é assim e a catástrofe, que atinge o Rio Grande do Sul, e diz alto que também estamos sujeitos aos caprichos geológicos. No estado sulino, grande produtor de bens que servem à mesa de nosso povo e engordam a nossa pauta de exportação agrícola, vive-se um período de calamidade, cujas repercussões se estenderão à economia e a toda a nação, não se sabe até quando e quanto. 

Os dados fornecidos pelas autoridades sobre a catástrofe são alarmantes e ainda não são definitivos, mas alertam a população de que somos iguais aos demais países e agentes espalhados por imensos territórios.

Caminha-se para 150 pessoas mortas, de acordo com a Defesa Civil. E quando a somatória de caos chegará ao término? Ninguém poderia dizê-lo. Os desalojados totalizam mais de 340 mil, e 150 desaparecidos. As chuvas duram duas semanas e afetam quase dois milhões de irmãos gaúchos, em mais de 400 municípios.

Milhares já foram alvos, além de animais recolhidos a lugares protegidos, mas tudo isso é apenas um pouco da tragédia iniciada praticamente em setembro do ano passado e só temporariamente interrompida. Jamais, naquele território especialmente querido nos mais de 8 mil quilômetros quadrados, tantos sofrem e tanto sofrem. 

Solidariedade não tem faltado, mas incomoda especialmente o imprevisível. Não se trata, ademais, de um problema simplesmente brasileiro. As gerações de agora reconhecem que as perspectivas são mais graves, o que se avaliará nos próximos dias, enquanto o sr. Putin ameaça o planeta com  ferramentais bélicos nucleares. 

Esperemos, ao contrário, que a catástrofe ao Sul e outras tragédias fecundem a solidariedade e aprendizagem de novas lições e práticas no horizonte. Como proclamou, há poucos dias, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, cardeal-arcebispo de Belo Horizonte: “A lição da catástrofe no Rio Grande, sem perder a referência amarga de tantas outras, é um convite urgente a renovar o diálogo, com inteligência e boa vontade para efetivar propostas do modo como se está construindo o futuro do planeta”.    

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