Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Joaquim Cardozo

27/04/2024 às 07:00.
Atualizado em 06/05/2024 às 16:59

Mesmo expirando abril, mesmo olvidando Joaquim Cardozo, não se esquece Brasília, cujo aniversário de inauguração como capital nacional se festejou sem especiais festejos no dia 21 deste mês, em que honramos a memória e sacrifício de Joaquim José. Mesmo o Tiradentes, por motivos sabidos e compreensíveis, não recebeu a homenagem sempre merecida.

Ao lado de Niemeyer, por exemplo, esteve Lúcio Costa, arquiteto, que se encarregou do conceito urbanístico da cidade-parque, hoje plenamente consolidado. Competiu-lhe, também conforme Luiz Carlos Azevedo, projetar a Torre de TV e a Rodoviária do Plano Piloto, marco Zero da capital: É por ela que a vida dos moradores do Distrito Federal se conecta com a arquitetura monumental. “Brasília é fruto da imaginação diante das pranchetas e dos cálculos de engenheiros projetistas”.

Aí entra Cardozo, o grande calculista das principais obras da cidade e  poeta que o Brasil praticamente desconhecia. Seu nome foi lembrado neste 2024, em versos de João Cabral de Melo Neto e na prosa de Imprensa: "O que seria da luz de Brasília sem seu traçado e o concreto armado, em meio ao cerrado? Sim, a luz de Cardozo veio do Recife e lembra Velásquez, mas encontrou seu espaço no cálculo dos grandes palácios que encantam o mundo e faz do Plano Piloto uma cidade única e até hoje futurista. São de Joaquim Cardoso os cálculos estruturais da maioria dos prédios icônicos da capital federal, que hoje completa 64 anos”.     

Eleito governador de Minas, Israel Pinheiro, terminada a missão anterior de presidir a Comissão Construtora da nova capital nacional, ao aproximar-se o final do mandato, desejava também erguer no bairro Gameleira, em Belo Horizonte, um Pavilhão de Exposições. Mostrar-se-ia tudo o que o Estado produzia e o mais que pretendia. O projeto era de Niemeyer e os cálculos evidentemente de Joaquim Cardozo. Tudo se fazia como a legislação determinava e consoante as normas de engenharia, com cálculos de Cardozo, o maior do Brasil, o que tornara viável a metrópole mais moderna do planeta.

Tudo rigorosamente acompanhado pelo próprio governador, que pela manhã, dia a dia, auscultava o engenheiro responsável sobre a consecução do projeto. 

Inesperadamente, o Pavilhão desabou. Sem explicações. No Palácio dos Despachos, na Praça da Liberdade, reuniões sucessivas, presentes diretores de construtoras se disponibilizando a qualquer colaboração. Muitos mortos, feridos. Joaquim Cardozo, respondeu à Imprensa. Nada a fazer. Não conteve as lágrimas. Poetas - além de fazer versos - choram. 

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