Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Minas, de fato

Publicado em 05/08/2025 às 06:00.

Quando no Brasil se ouve falar que será editada uma obra de Caio C. Boschi, os que apreciam história ficam logo interessados: quando, onde, por qual editora? Porque o historiador já goza de meritório prestígio em todos os interessados na área.

Foi o que aconteceu, por exemplo, em 1998, quando ele tornou público o “Inventário dos Manuscritos Avulsos Relativos a Minas Gerais existentes no Arquivo Histórico Ultramarino”, em Lisboa, pela Fundação João Pinheiro, quando presidente Roberto Borges Martins. Foi uma dura missão, compreendendo a organização e a catalogação de cerca de 15 mil documentos avulsos relativos à Capitania de Minas Gerais, depositados no Arquivo Histórico da capital lusitana.

Agora, Boschi, membro da Academia Mineira de Letras, no sábado, 9 de agosto, às 10h, lança na sede da AML (Rua da Bahia, 1466 – Belo Horizonte) a segunda edição do livro Os leigos e o poder: irmandades leigas e política colonizadora em Minas Gerais (Hucitec, 2025), que reposiciona essas associações como formadoras da sociedade mineira do século XVIII.

Licenciado em História pela UFMG e doutor em História Social pela USP, Caio Boschi foi professor titular da UFMG e da PUC Minas e um dos maiores estudiosos da história religiosa e das instituições sociais no Brasil colonial. Nesta obra, ele analisa o papel das associações leigas – confrarias, arquiconfrarias, irmandades e ordens terceiras – como estruturas de organização da vida social, antes mesmo do advento e da consolidação da administração pública nas vilas e arraiais mineiros. 

O livro desafia a ideia comum de que a profusão de igrejas e capelas no interior mineiro seja reflexo exclusivo da fé. “Quem visita nossas vilas e arraiais coloniais se impressiona com a quantidade de construções religiosas, imaginando um povo profundamente religioso.

Mas é preciso lembrar que foram essas associações leigas que ergueram essas igrejas, contrataram padres, mantinham os ofícios religiosos e davam forma ao cotidiano da população”, explica Boschi. A importância da leitura desta obra, no entanto, não se limita ao passado: “muitas dessas associações sobrevivem até hoje”, ressalta o autor. “São elas que organizam festividades como as procissões de Corpus Christi e preservam igrejas centenárias. Entender seu papel é fundamental para compreender não só o passado, mas o presente de Minas Gerais”, defende Boschi.

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