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Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Morte em Cocais

Publicado em 26/11/2025 às 06:00.

A Academia Mineira de Letras já passou dos cem anos, mas não para. Nem vai parar. Sucedem-se os seus integrantes, mudam-se os nomes e os colaboradores da sua tradicional revista, mas a entidade instalada na rua da Bahia segue sua gloriosa existência. Assim será.

É o que se vê recentemente, inclusive no penúltimo mês do ano, em que as comemorações populares do dia 15, de Proclamação da República, foram paupérrimas para enfatizar o papel do regime pelo qual tantos lutaram e deram de si, de suas ideias e de projetos para a vida nacional.

Vamos relatar. Na noite do dia 17 de novembro, o sodalício celebrou o bicentenário do nascimento de Bernardo Guimarães, autor de “A escrava Isaura” (1875) e “O elixir do Pajé” (1875), com uma mesa redonda dedicada à vida, à obra e à atualidade de um dos mais importantes escritores mineiros e românticos do país.  A atividade integrava  a programação cultural da AML e teve mediação do presidente-emérito da casa, Rogério Faria Tavares (cadeira 8), reunindo Eliane Lopes, Matheus Zica, Luciano Mendes e Maria Francelina Silami em uma conversa sobre a permanência e a potência da obra do autor ouro-pretano. 

Bernardo Guimarães, nascido em Ouro Preto, em 1825, poeta, romancista, jornalista, magistrado e professor. Sua trajetória literária, marcada pela sensibilidade lírica e pelo olhar crítico sobre a sociedade de seu tempo, consolidou-o com uma das vozes mais originais do romantismo brasileiro.

O segundo evento aconteceu no dia 25, às 19h, com o lançamento do novo livro de J. D. Vital, compreendendo lançamento e palestra, “Morte em Cocais”. No enredo, o autor resgatou uma parte pouco conhecida da história da Igreja Católica em Minas Gerais, ao narrar a trajetória de três figuras de origem humilde e negra que alcançaram, contra todas as expectativas, posições de destaque no clero. Entre elas, o Padre Heitor de Assis, personagem central da obra, nomeado pelo presidente Getúlio Vargas como o primeiro capelão do Exército brasileiro após a Proclamação da República.

Enviado para Fernando de Noronha durante a Segunda Guerra Mundial, o padre viveu um destino tão extraordinário quanto trágico – agora reconstituído por Vital com rigor histórico e sensibilidade literária. A narrativa se entrelaça às histórias de Padre Victor, beatificado pelo Papa Francisco, e de Dom Silvério Gomes Pimenta, primeiro arcebispo de Mariana e membro da Academia Brasileira de Letras, revelando como fé e resistência se encontraram nas trajetórias desses homens negros em tempos de escravidão, abolição e modernização do Brasil.

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