Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Não voltará atrás

11/05/2022 às 06:00.
Atualizado em 11/05/2022 às 11:09

Atento e sensível aos dificílimos tempos que ora atravessamos, o desembargador Rogério Medeiros Garcia de Lima, do TJ de Minas, professor de méritos amplamente reconhecidos, se expressa preocupado com os jovens que são viciados em drogas. De nada servem (ou pouco) as providências das autoridades, sempre em busca de soluções condizentes com o problema.

Há dias, ele evocou artigo do jornalista Carlos Alberto Di Franco sobre a glamorização das drogas transportadas até as toneladas pelas estradas do país. O periodista comenta:

“As consequências da assustadora escalada das drogas podem ser comprovadas nos boletins de ocorrência de qualquer delegacia de polícia. De fato, o tráfico e o consumo de drogas estão na raiz dos roubos, das rebeliões nos presídios e da imensa maioria dos homicídios. Transcrevo o depoimento de um adicto recuperado. Ele fala com a força e a sinceridade de quem esteve no fundo do poço:

‘Sou filho único. Talvez porque meus pais não pudessem ter outros filhos, me cercavam de mimos e realizavam todas as minhas vontades. Aos 12 anos comecei a fumar maconha, aos 17 comecei a cheirar cocaína. E perdi o controle. Fiz um tratamento psiquiátrico, fiquei 9 meses tomando medicamentos e voltei a fumar maconha. Nessa época já cursava Medicina e convenci os meus pais de que a maconha fazia menos mal que o cigarro comum. Meus argumentos estavam alicerçados em literatura e publicações científicas’”.

Mas, enquanto o ilustre magistrado e o veterano homem de imprensa criticam, fazem sugestões e apresentam propostas antidrogas, há um mundo trabalhando em sentido contrário. Basta ter acesso aos jornais, TVs e rádios. 

Os usuários não querem saber, por exemplo, se a maconha, é mais a mesma. O seu efeito é muito mais forte nos dias de hoje quando comparado à década de 1980, segundo pesquisa em um laboratório nos EUA. A droga usada na atualidade contém altas concentrações de THC, substância psicoativa que muda a percepção, o comportamento e a consciência da pessoa. 

De acordo com o líder do estudo Dr. Andy LaFrate, houve um grande aumento na potência da maconha em relação ao que era há 20 ou 30 anos, com variação de 20% e 30% de THC, que ele classificou como “enorme”. Antigamente, os níveis do componente ficavam abaixo de 10%. Ainda segundo ele, o teor de THC no processo de produção se elevou porque os usuários exigem drogas cada vez mais potentes.

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