Primeira vila, primeira cidade, primeira capital de Minas, eis um retrato de Mariana, de quem as pessoas guardam amáveis recordações, por óbvias razões. No setembro findo, mais uma vez, foi lembrado, por ter servido de sede ao Encontro Internacional de Palhaços, após dois anos de pausa, mas retornou ao calendário em sua 13ª edição. Idealizado por Xisto Siman e João Pinheiro (evidentemente não o ex-presidente de Minas), deve ter feito sucesso em sua nova versão.
A histórica cidade constitui fonte de inspiração, recordações e saudade. Há algum tempo, consultando o dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa, do mui conhecido e elogiado professor Domingos Paschoal Cegalla, edição da Nova Fronteira, encontro entre os dicionaristas a que recorrera, José Mesquita de Carvalho, por seu “Dicionário Prático da Língua Nacional”, lançado pela Globo, de Porto Alegre, na quinta edição em 1955.
Pois Mesquita de Carvalho foi meu professor de Língua Portuguesa, no Ginásio Tristão de Athayde, em Beagá, no prédio da rua Hermilo Alves, subindo para Santa Tereza. Era um cidadão de aspecto severo, mas compreensivo com os alunos. Ele contava prazerosamente que, ainda menino, apaixonara-se com a presença de um circo na sua cidade natal, Mariana, e decidiu acompanhar o elenco. Foi para o Sul brasileiro, ficou por lá, estudou, passou ao magistério, publicou livros vários, inclusive de ficção, ingressou na Academia Riograndense de Letras, conquistou espaço entre mestres da língua, só voltando a Minas quando já tinha ingressado na época em que se pensa descansado. Mas seguiu dando aulas, inclusive no Tristão de Athayde, dirigido por um professor, por sinal português de nascença. Mesquita fundou e deixou também instalado um educandário na capital montanhosa, onde igualmente dirigiu o Instituto de Educação.
Os idealizadores do Encontro Internacional de Palhaços de Mariana somam 34 anos com palhaços, malabaristas e equilibristas, mantendo a Casa do Palhaço, espaço de criação, ensaios e projetos. Não devem ser conhecidos de meus amigos e ilustres marianenses como Danilo Gomes, um dos maiores cronistas do Brasil hoje, o professor Wilson Chaves, um dos idealizadores e fundadores da Faculdade de Direito Milton Campos, do economista Emanuel Mol Muzzi, que muito contribuiu com o turismo na gestão Francelino Pereira dos Santos, e Roque Camelo, um impulsionador do progresso, intransigente defensor da riqueza histórica de Mariana.