Logotipo Rádio HED

Redação: (31) 3253-2226

Comercial: (31) 3253-2210

Redação: (31) 3253-2226 - Comercial: (31) 3253-2210

Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Nuvens negras nos céus

Publicado em 10/04/2017 às 06:00.Atualizado em 15/11/2021 às 14:03.

A foto que circulou pelo mundo na última terça-feira, 4 de abril, comoveu e consternou. Nela, o comerciante Abdel Hameed al-Youssef, de 29 anos, apareceu, abraçado aos filhos gêmeos, de nove meses, a mulher e outros parentes. Todos foram vítimas do ataque químico que resultou na morte de 86 pessoas inicialmente, e ferindo mais de 550, no noroeste da Síria.

As crianças, do sexo masculino, são mostradas com cabelos penteados, como se dormissem. Na frente dos presentes, o pai repetia: “Diga tchau, bebê, diga tchau”. Ele se achava com os filhos quando ocorreu o ataque das forças governamentais. Para obter socorro, procurou os demais parentes – dois irmãos, sobrinhos, amigos e vizinhos. Ao voltar, encontrou os gêmeos mortos, em consequência da brutalidade da guerra e da desumanidade das autoridades. 

O ataque utilizou gás sarin, como confirmado por especialistas. Autoridades turcas acusam o regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, pelo bombardeio com a substância tóxica, o que mais revoltou o mundo tido por civilizado ou como tal classificado. A crueldade da ação bélica foi ignomínia, que – como suficientemente sabido – é apenas uma das marcas das ações do ditador Assad. 

Seis anos de guerra e muitos milhares de vítimas, inclusive civis, crianças, mulheres e idosos, e de componentes de equipes médicas e de assistência aos feridos, demonstram que o regime sírio, apoiado por Moscou, é uma insânia, configurada como verdadeiro genocídio.

A tirania de Assad lança mais lenha à fogueira interminável do Oriente Médio, em que o apoio da Rússia a Bagdá até certo ponto assusta o Ocidente. Ainda mais quando Moscou se vê em apuros para conter movimentos internos contra Putin e para tentar explicar o atentado em São Petersburgo, há poucos dias.

O homem-bomba, acusado do ataque à velha capital que Pedro, o Grande, construiu sobre os lagos nórdicos, seria um russo nascido no Quirguistão, fronteiriço ao Cazaquistão. De seu ato, restaram inicialmente 14 mortos e 49 feridos, numa estação do metrô da histórica cidade. Simplesmente um atentado terrorista ou parte de um movimento de sublevação contra Wladimir Putin?

Simultaneamente, a inesperada decisão do presidente Donald Trump de bombardear território sírio com mísseis disparados de navios americanos no Mediterrâneo provoca interrogações. O que significa efetivamente? De Washington, sob Trump, nada pode surpreender. Mudanças de posição do sucessor de Barack Obama podem acontecer inopinadamente e assim tem sido nos escassos meses de gestão.

Uma nuvem negra e ameaçadora cobre extensas regiões do mundo, principalmente naquelas nações que mais precisariam de paz para cumprir seus projetos de progresso. Uma das primeiras consequências foi a elevação vertiginosa dos preços de petróleo. Beneficiará a quem? Quais as consequências que sobrevirão para o mundo globalizado? Mais uma vez, os pobres pagarão pelos pecadores? 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por