Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

O embate na PGR

Publicado em 07/08/2020 às 21:55.Atualizado em 27/10/2021 às 04:14.

A Lava Jato foi a maior operação de combate à corrupção em todo o mundo. As notícias do trabalho desenvolvido pelos promotores e demais, que se dedicaram ao projeto, nascido silenciosamente, satisfaziam aos seus autores e orgulhavam o Brasil. A nossa má fama como gestores de dinheiros públicos perdia força.

A Lava Jato passou a ser referência na hora de decisões de interesse nacional. Quando Temer teve de escolher o núcleo palaciano, constatou que cinco dos pretendentes a relevantes cargos eram objeto de investigações da operação.

A corrupção se generalizara. O empresário Marcelo Odebrecht, em determinada ocasião, declarou que a sua empresa era o próprio Estado e que “os irmãos da JBS financiaram 1.850 políticos, elegendo prefeitos, deputados, senadores, governadores e presidentes da República”, como lembrou alhures o jornalista Aylê Salassié Filgueiras Quintão.

O brasileiro tomou conhecimento pela imprensa, tão criticada e vilipendiada, do festival de dinheiro público, ou seja, dos cidadãos, angariado fraudulentamente e utilizado em campanhas, e mesmo no exercício de cargos de relevo. A palavra “propina” deixou de ser apenas usada para as gorjetas nos restaurantes.

Um instituto de avaliação dos gastos de governo constatou que, em 20 anos, R$ 2 trilhões de recursos públicos foram desviados. A Lava Jato tentou vencer contrários, mas se atirou em um mercado de interesses políticos e de ciumeira governamental.

Eis o momento em que nos encontramos, quando o espaço nos meios de comunicação são tomados pelo noticiário, com muita razão, sobre a pandemia. O procurador-geral da República de hoje descobriu que os agentes de Curitiba, principalmente, teriam excedido no exercício de seus misteres, ou no cumprimento de diligências. O titular da PGR acha que é “hora de corrigir os rumos para que o lavajatismo não perdure”.

Acha S.Exa. que é chegada a hora de centralizar as ações da Procuradoria em Brasília, depois de ação enérgica e bem sucedida da Lava Jato. Mas há em meio a tudo possíveis outros motivos, que precisam ser analisados. Um retrocesso, como parece possível, seria altamente prejudicial para a nação e para a própria PGR.

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