Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

O humor sadio

Publicado em 09/08/2022 às 10:44.

No tempo especialmente difícil que atravessamos em que os homens públicos digladiam em termos de baixo calão para comentar os fatos e sobre as pessoas, pesa registrar o passamento do cidadão José Eugênio Soares, nacionalmente conhecido como Jô. É triste o seu adeus ao país em que nascera há 84 anos, caiu como uma névoa que obriga meditar sobre sua significação na sociedade.

Nunca foi visto e ouvido com acerbas críticas a quem quer que seja, a xingar a imprensa com palavrões, a usar o linguajar espúrio, a ferir quem quer que seja pela exposição de suas ideias. Foi um cavalheiro, na melhor acepção do vocábulo.

O humorismo é uma doutrina, uma forma de expressão a que os franceses chamam esprit, introduzida no vocabulário inglês pelos intelectuais. Já se disse que os britânicos sabem permanecer muito sérios enquanto estão troçando, sem darem a impressão de que brincam ou caçoam, no que consiste o que se chama humor. Nesse vinagre, a que se dá sempre o nome de humor, há sempre açúcar.

É coisa séria, pois. Já se afirmou que, no âmago dos grandes humoristas, há sempre uma ânsia de qualquer coisa de transcendente, encontrando-se, em cada uma, a mistura de idealidade e de espírito burlesco, de cômico e doloroso. Com isso, a crítica, tratada mais ou menos benevolamente flui a razão. Li alhures que o humorismo é uma ironia filosófica do sábio desenganado, que termina por rir de tudo que existe m volta e que não consegue mudar para melhor ou sanar de vez.

Enfim: o esprit corresponde à arriscada virtude da Justiça, o humorismo, a virtude da temperança e da humildade, acompanhando do sentimento de seus mistérios.

O fino comportamento, a espontaneidades, o humor malicioso, parecem despertar em todos os brasileiros algo assim, que não irá perder-se rapidamente ao fragor dos destemperos da vida cotidiana e de muitos homens que faze, política. Perdemos um severo, mas benévolo observador da sociedade que não perdia as minúcias, saliências e reentrâncias das ações de pessoas que pretendem estar acima ou além do circuito humano. Os romanos tinham razão: ridendo castigat mores.

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