Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

O poderio russo

Publicado em 17/05/2022 às 06:00.

Enganou-se quem pensou que a guerra iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro seria de curta duração. Compreende-se, a despeito disto, os que se equivocaram. A hipótese da saída democrática para o entrevero não se concretizou. Até porque o presidente Putin não declarou uma guerra propriamente e sequer a palavra é usada nas mensagens oficiais.

Em primeiro lugar, a Ucrânia é muito extensa territorialmente, com 603 mil km², maior do que Minas Gerais, com 586 mil km² aproximadamente. Maurício Santoro, da UFRJ, situou bem o problema: “Da Ucrânia, nós estamos falando do maior país que fica integralmente na Europa, porque a Rússia tem uma parte na Ásia, é um país com 45 milhões de habitantes. É outra escala, muita coisa ruim pode acontecer disso. A Ucrânia faz fronteira com vários outros países europeus”.

Não é o mesmo que o conflito com a Geórgia, em 2008, mesmo sendo a terra natal de Stalin. A Otan tentou impor a filiação da Ucrânia a sua área de influência e atuação, mas não deu certo. O país de Zelenski procurou filiar-se à União Europeia, mas também houve negativa. Nem lá, nem cá. A Ucrânia permaneceu sozinha, mas já sem a Crimeia, transferida ao território russo, em 2014.

Ninguém sabe exatamente o que o presidente russo pretende, mas ele não é uma múmia paralítica e não sabe retroceder. Admitia-se que, na segunda-feira, 9 de maio, se daria a cartada final de Moscou contra a Ucrânia: mais guerra. Mas não foi assim. No Dia da Vitória russa sobre Hitler, em 1945, Putin decidiu colocar em ação um espetáculo apocalíptico na Praça Vermelha, centro de Moscou. Sem sutileza, se exibiu –pelos meios possíveis- seu projeto para advertir, sobretudo os Estados Unidos e Reino Unido que não se dispõe a voltar atrás.

Quem ler estas anotações, já terá visto a amostra ameaçadora. O “avião do Juízo Final” fez seus voos aterradores para demonstrar que a indústria bélica da Rússia não se estagnou.

Nessa gigantesca aeronave se implantou o núcleo do mais poderoso artefato de guerra. Dalí se comandará uma guerra jamais imaginada pela Casa Branca ou o Pentágono. Pelo menos, era o esperado.

Também foram apresentados mísseis intercontinentais para ogivas nucleares, além de armas de destruição em massa, inventadas para uma terceira guerra completa. O que, enfim, nós não queremos.

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