Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Os riscos da guerra

Publicado em 23/03/2022 às 06:00.

O problema da Ucrânia é bem mais antigo. Em 1985, Gorbachev realizou na União Soviética duas reformas: a política Glasnost, transparência que abrandava censura e abria espaço para o debate público. E a Perestroika – reestruturação, que implementava uma liberalização, estabelecendo limites à propriedade privada e permitindo empresas estrangeiras no território.

Todo o bloco comunista no Leste Europeu entrou em crise. O muro de Berlim simbolizou o acontecimento, reunindo os dois blocos na Europa. No ano seguinte, dá-se a reunificação alemã e os países da região põem fim a suas ditaduras, adotando o pluripartidarismo e encaminhando economia para o capitalismo.

Em 1991, ocorre o fim da URSS. Surgem 15 repúblicas independentes, cuja principal é a Federação Russa. A maior parte passa a formar a Comunidade dos Estados Independentes, o CEI, fórum de coordenação política e econômica. Terminada a guerra fria, apenas uma superpotência – os Estados Unidos – e experimenta uma integração econômica (globalização) e liberalização dos mercados (neoliberalismo).

De todo modo, o mundo permaneceu dividido e continua, chegando ao ponto destes dias amargos do século XXI, em que se dá a invasão do território da Ucrânia pelas forças russas de Wladimir Putin; que não quer, e tem razões de sobra, que o inimigo de agora encontre proteção e respaldo bélico dos novos grupos que se formaram neste interim e, principalmente, das grandes potencias ocidentais.

Agora, são a OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte - e a União Europeia, objeto de repúdio de Moscou, por motivos óbvios. Não admite que Kiev seja recebida pela primeira associação, por temor, inclusive ou principalmente, de que Washington apoie militarmente o tratado. Seria, em última análise, internacionalizar o conflito, que presentemente atrai a atenção de milhões de telespectadores de todas as nações mundo afora.

A grande pergunta: a invasão da Ucrânia é um projeto de Putin ou da Federação Russa? Quais, enfim, os efetivos propósitos de Kosinski? Mais grave em tudo é o arsenal atômico disponível. Quem terá coragem de atirar a primeira pedra? A situação se tornou delicadíssima.

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