Nunca, talvez, nossas relações com os Estados Unidos estiveram tão frágeis e beliciosas. O presidente lá de cima não tem consideração e respeito com os americanos cá de baixo, que formam a maior nação do hemisfério Sul. Donald Trump não mede palavras que ameaçam a cordialidade entre os dois países que se inseriu na própria história, mesmo antes da Independência. Na ocasião de guerras mundiais, não falhou o Brasil, inclusive com apoio armado a Washington.
No dia 14 de agosto, Trump voltou a atacar-nos mais uma vez sobre o tarifaço perturbador. Afirmou: “Eles (o Brasil) cobram tarifas enormes e tornaram tudo muito difícil de fazer”. O titular da Casa Branca pela segunda vez não sentia que o Brasil não é o presidente de ontem ou de hoje. Não se trata simplesmente de discutir processos em andamento sobre uma autoridade, ora envolvida nas malhas da Justiça como determina a lei.
A Casa Branca não tem o direito de condenar pessoalmente um país de tantos milhões de habitantes. Nem se sabe se o boquirroto chefe do Executivo de Tio Sam teria pleno conhecimento dos acontecimentos que aqui se registram. O povo brasileiro não convidou quem quer que seja de outra nacionalidade a pronunciar-se sobre o suposto golpe de Estado que estaria sendo delineado ou arquitetado.
A questão não se resume só no impedimento do pai de família que fora presidente de comunicar-se com o filho que escapara habilmente do território brasileiro, para - além-fronteiras - agir mais do que simplesmente criticar os poderes públicos de sua pátria.
Verdade seja dita: Trump alardeia que o Brasil é “péssimo parceiro comercial”, mas o Brasil, ao contrário, tem mantido sistematicamente déficits nas transações com os Estados Unidos, sendo que de janeiro a maio deste ano já alcançou 3,5 bilhões de dólares.
E assim tem sido regularmente ao longo dos últimos 15 anos. Isto sem falar da conta de serviços, em que nosso déficit é ainda muito maior. Os brasileiros transferem renda para os americanos, eis a realidade.
Para nos defender, precisamos compreender o que está por trás deste ataque surpreendente. Na realidade, as tarifas comerciais de Trump vão muito além dos objetivos de equilibrar o balanço de pagamentos.
Minas Gerais será o quinto estado mais afetado pelo tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos. A projeção das perdas foi feita pelo Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (Nemea /Cedeplar/UFMG).