Se vivo, o filólogo Kafunga, goleiro do Galo e da seleção mineira, teria muito a dizer sobre as intempestivas atitudes e posições adotadas pelo atual ocupante da Casa Branca em julho, frio nas montanhas e de frieza de sentimentos. Ele, o jogador, comentarista de rádio às vezes e vereador em Beagá, acharia classificação para o ocupante da cadeira política mais poderosa do planeta: destrambelhado.
Quem se sentir disposto pode socorrer-se no dicionário. O presidente da grande nação do Norte das Américas resolveu sobretaxar as exportações brasileiras ao mercado de Tio Sam em 50%. Belíssimo presente para o princípio da segunda metade de 2025. O governo brasileiro foi rápido no gatilho, manifestando indignação, começando uma coleção de troca de cartas, embora chovendo no molhado.
Do lado do hemisfério Sul, Brasília refuga: sempre agiu de boa-fé com a nação do Norte, mas Trump parecia não ter noções bem seguras sobre os dados numéricos entre os dois países. Ou faz de conta.
Até a Rua 25 de Março, em São Paulo, serviu de argumento. O comércio ali, argumenta uma nota oficial dos EUA, inclui mercadorias falsificadas: não seriam americanas de fato. Pesquisa do lado de cá avaliaram que o sulino presidente, ao apresentar-se como um dos heróis dos Brics, estava contribuindo para derretimento do dólar.
O que a gente do Sul e do Norte ignorava é que se estuda retirar a embaixada do Brasil em Washington. Aí o problema vai ganhar dimensão, porque é ataque frontal ao Norte de Minas. A diplomata Maria Luiza Viotti nasceu em Beagá, de família com raiz em cidade mais acima, Capelinha.
O Itamaraty avalia a convocação como um gesto de desagravo, mas ainda não há decisão final. A estratégia é adotar uma resposta calibrada, que evite efeitos negativos sobre a economia e preserve a estabilidade nas relações. Maria Luíza Ribeiro Viotti, atual embaixadora do Brasil nos Estados Unidos, é filha de José Carlos Ribeiro, que foi prefeito de Capelinha (Minas) entre 1955 e 1959.