Não deixaria passar a primeira semana de setembro. No dia cinco, houve a sessão solene para posse do escritor Raul de Taunay, na cadeira XXVIII, da Academia Brasiliense de Letras, de que é patrono Olavo Bilac, em sucessão ao poeta José Jeronymo Rivera. Para dar ênfase ao acontecimento, a saudação foi pelo acadêmico Anderson Braga Horta, nascido em Carangola, sempre festejado pelo que representa para o Brasil.
O empossado descende diretamente do Visconde de Taunay, escritor, político e militar cuja ascendência francesa está definida no nome. O embaixador Raul já é carinhosamente tratado como Visconde por seus pares na entidade literária, presidida pelo escritor Fábio de Souza Coutinho, que reúne personalidades importantes nas letras do país.
O novo acadêmico é embaixador aposentado, excelente poeta e romancista, que já percorreu meio mundo, decidindo pôr termo à laboriosa carreira diplomática, fixar residência em Brasília, no antes distante interior brasileiro, mas que Juscelino escolheu para localizar a nova sede do governo da maior nação da América Latina.
O novo acadêmico foi conselheiro cultural em Paris e em Praga, encarregado de negócios em Varsóvia e, na Índia, chefe da Divisão da África no Ministério das Relações Exteriores, além de embaixador do Brasil em vários países. Na busca de expressão própria, desde muito jovem Raul de Taunay foi bem acolhido por nomes já consagrados, como Vinicius de Moraes, Dinah Silveira de Queiroz, Cyro dos Anjos, Carlos Nejar e outros.
Membro da Associação Nacional de Escritores - ANE, sediada em Brasília e com vasta obra publicada, é autor de Poética do novo bardo, Meu canto aberto, Meu Brasil angolano, O andarilho de Malabo, Poemas ao desabrigo, O sol do Congo, A poesia cura (uma trilogia poética), A lucidez da lenda (um ensaio sobre o futuro), O menino e o deserto.
Sobre ele escreveu Antônio Carlos Secchin, da Academia Brasileira de Letras: “Tem razão Raul de Taunay: o lugar do poema é o desabrigo, espaço exposto às tempestades, à mercê da maré crescente das palavras. Sim, porque em sua obra inexiste a vazante: tudo nela é ímpeto, aventura de um temperamento medularmente lírico, ainda que expresso, muitas vezes, em formas regulares e ritmadas”.
O novo acadêmico, escritor fecundo, é considerado, por muitos, um dos autores brasileiros mais singulares da atualidade.