Perder-se-ia pensar que tudo anda bem no Norte de Minas, no sertão mineiro, mas não é o que se deduz de informações que ganham espaço de um modo geral, embora ainda não na mídia. A população de grande parte daquele território, nem sempre lembrado pelo poder público, está preocupada com a criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável, que pretende ocupar cerca de 45% da área daquele pedaço de Minas.
Moradores, comerciantes e prefeitos de Rio Pardo de Minas, Serranópolis e outras cidades com extensas áreas incluídas na propalada Reserva estão se levantando contra o projeto, por enquanto com reuniões concorridas.
Explica-se: a criação da Reserva de Preservação Tamanduá - Poções na região da Serra Geral é proposta pelo Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade, intitulado de ICMBio. Até aí, aparentemente, tudo bem. No entanto, a perspectiva de restrições econômicas, que poderão envolver toda a região, causou profunda insegurança. A população de todo o território quer mobilizar-se para atuar junto ao Estado e à União para impedir a instalação da propalada RDS.
O prefeito de Riacho dos Machados é claro e incisivo: “A primeira vez que o pessoal do ICMBio me ligou para tratar do assunto foi em 18 de março. Depois fizeram as audiências, mas parece que eles não querem ouvir a gente”.
Para o chefe do Executivo municipal, encontrou-se na região uma reserva de minério de ferro, graças ao que se desenvolveram estudos pela mineradora Vale, evidentemente para exploração. O medo é que, com a criação do parque, se inviabilize o avanço dos estudos e projetos econômicos em evolução.
A população e autoridades locais têm medo de que, consumada a proposta da RDS, tudo o que se vinha sonhando para desenvolvimento venha abaixo. São séculos de espera ansiosa.
E o prefeito pensa em voz alta para quem o quiser ouvir: “Eles querem que a gente continue vivendo de coletar pequi no meio do mato. Está na hora do Norte ser ‘Minas’, e não apenas ‘Gerais’. A gente quer que tudo seja feito respeitando o meio ambiente, mas a gente quer mineração igual ao resto do Estado”.