Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Um velho plano de Putin

Publicado em 30/04/2022 às 06:00.

Praticamente, está-se no terceiro mês da invasão da Ucrânia pelas tropas russas. Embora as várias versões sobre a situação das nações num conflito que causa tensão e dor entre os países que defendem paz e concórdia entre os homens, a perspectiva se mantém longínqua.

Vladimir Putin é considerado o vilão maior no sangrento confronto. Os sonhos e pesadelos do presidente por uma Rússia poderosa e ainda mais extensa vem de longe. Assim como EUA e aliados, via Otan, estão presentes em torno da Rússia e da China, estes países buscam iniciativas estratégicas para colocarem o Ocidente na defensiva, há anos.

Umas delas, como se há de lembrar, é a parceria antes formada entre Moscou e Pequim para construir um canal transoceânico na Nicarágua, que daria aos russos e chineses uma cabeça de ponte ainda maior na área de influência de Washington no Ocidente.

O plano de construir o canal surgiu em consequência da cooperação política entre Manágua e Moscou, com base não somente nos interesses russos de vendas maciças de armamentos para a América Latina, como também a de montar uma base militar na Nicarágua para dar suporte às instalações já existentes destinadas ao reabastecimento de combustível para aviões e portos para atracação de belonaves russas e, em seguida, chinesas.

Vê-se que tratava de um plano arrojado que não se conseguiu construir. Além da Nicarágua, Putin também buscava estabelecer bases em Cuba e na Venezuela. Os tempos agora são inteiramente outros e a invasão da Ucrânia, o país de maiores dimensões da Europa depois da Rússia, pode ter modificado os projetos de domínio do insaciável presidente.

O projeto anterior teria sido esquecido ou adiado? Ninguém dirá com segurança o que acontecerá depois da incursão de Moscou no renhido e infatigável, até agora, território ucraniano, que continua ganhando apoios em todo o planeta, a julgar pelos números das reuniões da ONU.

Para tentar lançar luz na perigosa contenda, António Guterres, português de nascimento, foi a Moscou há poucos dias. Que notícias trará?

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