Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Uma homenagem

Publicado em 04/06/2022 às 06:00.

Professor titular do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ivan Domingues foi homenageado por colegas e amigos do país e do exterior, com a publicação de um livro integrado por capítulos da maior importância para aqueles que se interessam pela temática e que poderá, quem sabe, também sensibilizar outros com a cultura filosófica. Enfim, nem tudo são política, futebol e eventos musicais populares.

O volume em questão, que recebeu o título de “Minas e horizontes do pensamento”, foi organizado por Anna Carozzi, Carlos Ratton, Helder Carvalho e Jelson Oliveira, e publicado pela Editora Unisinos, da Universidade do Vale dos Sinos, de São Leopoldo, lá no Rio Grande do Sul.

Deixando o ensejo de me alongar sobre a obra para outra ocasião, após a leitura da obra, que soma praticamente 500 páginas, esclareço que ela teve a intenção, como diz a capa, de reverenciar um mestre, colega ou amigo, que é uma referência teórica de indiscutível legado para o cenário filosófico nacional, com pés no estrangeiro. Em torno de Ivan Domingues, festeja-se não o homem, mas o que ele fez consigo mesmo – o modo como ele se dispôs ao pensamento. Debruçado nessas minas, como que bebe a fonte e mirando o horizonte como quem toca o porvir, Ivan filosofou e, ao mesmo tempo, mostrou como se filosofa. “Aniversário é uma festa/Pra te lembrar/ Do que mata”, vaticinou Millôr Fernandes. Assim seja”.

O prefácio é de Marcelo Fernando de Araújo, também diretor da Coleção Ideias, que o volume integra, que sublinha o objetivo de homenagear o professor Domingues, no momento em que “o Brasil enfrenta a Covid-19, mas também uma indivisível crise sociopolítica”. Mas os autores da obra são de várias regiões brasileiras e mesmo de além-fronteiras nacionais”, de universidades públicas federais e estaduais, de universidades leigas e confessionais”.

Uma entrevista na obra ajuda muito a compreender os propósitos que levaram à publicação. Observa que “a crise nacional tem, como seu componente social, a anomia no sentido durkheimiano, e como o embasamento moral o torpor moral. No primeiro caso, num mundo polarizado de “nós” contra “eles” e os “outros” a lei só existe para o inimigo. Daí que ninguém a segue. A falência da sociedade como fonte e potência das normas abre a brecha para surgimento das milícias como sucedâneo do Estado no uso da força pela violência”. “No segundo caso, trata-se do anestesiamento e da indiferença frente a tudo e às nossas iniquidades”.

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