De volta à casa (ou: o fim do Palácio do Faraó)

10/09/2021 às 18:33.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:51

O Palácio das Mangabeiras foi por muitos anos a residência oficial dos governadores do Estado de Minas Gerais. Palco de reuniões importantes, de encontros de Estado, mas em vários momentos um espaço de festividades privadas e ostentação às custas do dinheiro suado do pagador de impostos.

Pelo simples fato de ser assim chamado, “Palácio”, nome dado à residência dos monarcas, a sua destinação ao uso público parece mais adequada do que ao uso privado dos governantes. Na Democracia, rei é o povo. Com todos os motivos, então, está aberta ao público geral a visitação ao Palácio das Mangabeiras, que volta a hospedar uma edição da Casa Cor, mostra de decoração que reúne arquitetos e decoradores de todo o país e, esse ano, conta com dez expositores do interior de Minas.

É verdade que o Palácio, nesse caso, é apenas uma casa grande, em um terreno absurdamente grande, com jardins imensos, piscina e espaços para eventos e reuniões. Mas não faz sentido que seu uso seja mantido para deleite de uns poucos, com mais de 30 empregados a serviço do governante e sua família, especialmente em um Estado destruído financeiramente.

Vez por outra, encontro alguém que defende o uso do espaço como residência oficial sob argumento de que “faz parte da liturgia do cargo”. Acho que a mensagem dada pelo governador, ao determinar o uso do espaço para eventos abertos ao público, é bem evidente: o cargo precisa de menos liturgia e de mais gestão.

Para a mostra, o espaço vem sendo reformado e, de agora em diante, entre as edições da Casa Cor, será possível a utilização da área para outros eventos. Vamos dando utilidade para uma enorme propriedade, numa das áreas mais valorizadas do Estado. As pessoas vão se familiarizando com os aspectos históricos do espaço, mas perdendo a visão de que ali é a casa de alguém importante, para compreender que esse é mais um dos equipamentos recuperados para uso dos seus donos: todos nós.

A segurança do governador e a institucionalidade do cargo estão preservados, sem a necessidade de tantos e tantos a seu serviço e ao seu dispor.

Outro dia, em uma entrevista, o governador disse que no passado Minas não tinha governador – tinha Faraó... Chega do tempo dos Faraós! Vá visitar a Casa Cor e usufrua desse equipamento público aberto à visitação, porque governador não precisa de Palácio!

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