Não existe dinheiro público

05/06/2020 às 14:34.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:41

“There is no such thing as public money, there is only the taxpayer money” (Não existe dinheiro público, existe apenas o dinheiro de quem paga impostos)

A célebre frase da ex-primeira ministra britânica Margaret Thatcher é, para mim, uma lembrança constante da necessidade de prioridades verdadeiras na condução das políticas públicas, pois o dinheiro gasto aqui é o que foi arrancado à força das pessoas. Um verdadeiro ato de violência estatal.

O Novo foi o único partido político no Brasil a abrir mão do fundo eleitoral desse ano, por ser também o único a se opor ao uso de “dinheiro público” para financiar campanhas eleitorais. O motivo é simples: o dinheiro de todos não pode ser recolhido por meio de impostos para servir apenas a alguns.

O fundo partidário e o fundo eleitoral são uma vergonha, um escárnio e uma violência. Especialmente em tempos de pandemia, em que a fragilidade do sistema público para garantir assistência à saúde e a incapacidade dos Governos de manterem em dia suas obrigações – desde o pagamento de salário a professores até a quitação de suas obrigações com fornecedores –, evidenciam que falta dinheiro para tudo. Ou melhor: falta para tudo, exceto para as campanhas eleitorais, que receberão, neste ano, por repasses públicos aos partidos políticos, perto de R$ 3 bilhões.

O sistema político é falho e temos de sempre nos preocupar para que as suas falhas não prejudiquem ainda mais a condição de sustentação da nossa democracia, que é ainda frágil. Nem por isso é possível silêncio ao se ver a entrega de R$3.000.000.000,00 (com todos os zeros, para ressaltar o absurdo da coisa), a quem ocupa o poder. No fim, a impressão que dá é de que ninguém escutou o aviso da Dama de Ferro. Por aqui e em outras partes, o mundo oficial continua se comportando como se o dinheiro público fosse dos políticos, que generosamente o distribui à população – e não o contrário.

É por essa e outras que eu percebo verdade da ironia fina de Millôr Fernandes: “Me arrancam tudo à força e depois me chamam de contribuinte”.

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