A vingança é um prato...

09/04/2016 às 17:40.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:52

José Roberto Lima (*)

Quando você tem o firme propósito de triunfar, as pessoas ao seu redor não ficarão indiferentes. Você encontrará pessoas dispostas a te ajudar. Pode até ser que elas digam pouca coisa. Mas o brilho nos olhos que demonstra a alegria com a sua possibilidade de sucesso já será mais que o bastante.
Mas podem surgir outras pessoas que disparam aquelas “frechadas” no olhar, descritas por Adoniran Barbosa, que transformam nosso peito numa “tauba de tiro ao álvaro”. Essas quase nunca ficam quietas. E fazem de tudo para arriar o seu entusiasmo.
Um dos meus alunos me confidenciou receber esses olhares dos irmãos e irmãs por parte de pai. Então, preparou-se para um concurso em silêncio durante meses. Na véspera, imaginava que já estaria livre de qualquer provocação.
Então, tendo que se levantar antes das cinco horas da manhã e tomar um ônibus intermunicipal, pediu à madrasta que deixasse preparado um café. Ela se negou.
- Por que você não disse que estava estudando para esse concurso? Por que não disse a seus irmãos? Você quer esse concurso só para você? Seu egoísmo é assim tão alto?
Para não gerar polêmica, decidiu ele mesmo preparar o café. Mas a baixaria foi ainda maior:
- Você não vai fazer nada! Não foi você que comprou o café.
E aí, mesmo tendo evitado aqueles olhares durante todo o período de preparação, sofreu as provocações da véspera. Um dos meios-irmãos chegou a sugerir: “Prepara o café na mamadeira para ele”.
Tudo isso influenciou negativamente na hora da batalha, diante da prova. E ele acabou errando o que normalmente não erraria. Mas aprendeu a lição sobre o poder destrutivo da inveja.
Passados alguns meses, participou de outro concurso. A prova foi marcada para o período da tarde. Assim, viajou no mesmo ônibus intermunicipal, mas pôde fazer uma boa refeição antes de entrar no campo de batalha. Foi aprovado.
Enquanto aguardava nomeação, suportou alguns “festivais de provocações”. Mas, ao assumir o cargo, os autores das provocações eram os que mais diziam aos vizinhos: “Meu irmão tem um cargo importante”. Eis outra frase que também foi muito ouvida: “Eu sabia que meu filho ia triunfar” (a aprovação deu ao meu confidente até o “status” de filho).
Poderia o leitor perguntar: a vingança não seria melhor? Mas ele se vingou pelo sucesso. Para quem vive tais situações, esta é melhor vingança. Caso optasse por vingança maldosa, teria aquela sensação de ter comido um prato frio.
O sucesso – ah, o sucesso! – é a mais terrível vingança contra os invejosos. Para estes, o ditado “a vingança é um prato que se come frio” merece uma outra versão, com direito a rimas: “a vingança é um prato...da balança que pesa. O outro prato é o mal de quem te despreza”.
Então, leitor, estude e deixe os invejosos para lá.

(*) Advogado, professor de Direito, palestrante, mestre em Educação, delegado federal aposentado e autor de “Como Passei em 15 Concursos”. Escreve aos domingos.

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