Mauro Condé (*)
Naquele dia, o jovem professor se assustou ao encontrar uma enorme vaca Yak amarrada ao pé da sua mesa de trabalho e descobrir o que ela significava.
Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento, usando como meio de transporte excelentes filmes asiáticos.
Eles me levaram para o Butão, reino budista no extremo leste do Himalaia, onde fui recebido por Pawo Choyning Dorji, a quem fui logo pedindo: ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.
Liberte sua mente da influência daquela vontade incontrolável... aquela que escraviza, que prende a gente como rato de laboratório dentro de uma roda giratória ... aquela que nos faz desejar uma coisa atrás da outra até que a satisfação de um desejo vire tédio e a gente precise seguir para o próximo “eu quero” num eterno sofrimento.
Pawo foi o diretor do filmaço “A Felicidade Das Pequenas Coisas”. Foi lá que eu fiquei conhecendo a história do jovem Ugyen, um professor concursado do governo do Butão que vivia refém do seu processo de escolhas que nunca satisfaziam os seus desejos.
Seu mais recente sonho foi o de tirar o visto para tentar a vida como cantor na Austrália. Só que ele teve seu sonho interrompido pelo seu patrão ... o Governo ... que ordenou que ele fosse, a contragosto, assumir o posto de professor na escola da comunidade mais longínqua do planeta, situada na cadeia mais montanhosa do mundo.
Suou para encarar uma caminhada de 8 dias rumo ao topo da montanha para chegar ao local do seu novo posto de trabalho.
Chegou desmotivado e aos poucos foi transformado pela alegria e felicidade do povo simples do local.
Sem eletricidade, na paisagem mais fria do mundo, sem internet e sem os impulsos consumistas do mundo moderno, os nativos aprenderam o segredo da felicidade.
Descobriram como viver bem com o básico para a sobrevivência e o máximo da escassez de recursos.
O professor foi para ensinar, mas acabou aprendendo a maior lição de sua vida.
A tal vaca Iak, apelidada de Norbu (aquela que realiza desejos) foi o presente mais valioso que os estudantes e seus familiares conseguiram arrecadar em reconhecimento à nobre missão do professor como um iluminado que ensina o caminho do futuro.
A felicidade tem endereço, ela mora dentro da nossa mente, a partir do momento em que optamos por viver bem dentro da gente mesmo, independente do que acontece do lado de fora.
*Palestrante, Consultor e Fundador do Blog do Maluco.