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Afastamento por saúde mental sobe 134% em meio a adiamento de diretrizes de risco psicossocial

Publicado em 08/08/2025 às 06:00.

Ângela Mathylde Soares*

O afastamento do trabalho por transtornos mentais cresceu 134% nos últimos dois anos, segundo pesquisa do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, considerando os dados de acidentes no trabalho do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). As estatísticas são alarmantes e apenas reforçam a importância de que as empresas devem ter mais cuidados com as condições de saúde dos colaboradores. 

Os números saltaram de 201 mil para 472 mil casos, entre 2022 e 2024. O Ministério Público do Trabalho (MPT) aponta que o estresse é o principal responsável pelos afastamentos acidentários, ou seja, períodos em que o trabalhador se ausenta da empresa devido a acidentes ou doenças ocupacionais para reabilitação. O estresse representa 28,6% dos casos, seguido da ansiedade (27,4%), episódios depressivos (25,1%) e depressão recorrente (8,46%).

Já em relação aos afastamentos em geral, os episódios depressivos (25,6%), ansiosos (20,9%) e a depressão recorrente (12%) são os mais comuns, respondendo por 460 mil benefícios, concedidos pelo INSS, apenas em 2024. 

As doenças ocupacionais estão cada vez mais comuns entre brasileiros, em decorrência de uma série de fatores, como rotina agitada; obrigações e cobranças; prazos; assédios de caráter moral ou sexual. As situações afetam profundamente a vida de milhares de trabalhadores, pois cada indivíduo tem sua própria maneira para lidar com elas. 

O burnout também é um problema crescente, apesar de não ser citado na pesquisa. A patologia decorre exatamente do acúmulo de tarefas, ambientes estressantes, prazos apertados e o cansaço, comprometendo físico e mente por desregular o adequado funcionamento do organismo, causando uma sensação incapacitante ao impedir a execução parcial ou total das atividades.

Apesar dessa crescente necessidade de cuidados com a saúde da equipe, a norma definidora de diretrizes para a saúde no ambiente de trabalho segue sendo adiada pelo governo. A normativa incluiria informações sobre a saúde mental para reduzir fatores impactantes da mente, como estresse, assédio moral e sobrecarga. 

A NR-1 apresentaria as diretrizes para garantir a saúde dos trabalhadores com dignidade e qualidade de vida. A inclusão dos riscos psicossociais permitiria ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) fiscalizar as empresas e aplicar multas em casos de situações inadequadas.

O fato é que as empresas também deveriam adotar um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), estabelecendo o próprio documento com as situações ocupacionais e ambientais para prevenir doenças como o burnout e a depressão. A proposta inicial era a normativa entrar em vigor no fim de maio, porém a pressão dos sindicatos patronais contribuiu para o adiamento.

A dignidade no trabalho é um direito do empregado. A saúde mental no ofício permite maior bem-estar e conforto, contribuindo para a criação de um ambiente saudável, seguro e produtivo, propiciando uma equipe mais motivada, criativa e produtiva.

As empresas têm diversas formas para demonstrar a importância do colaborador e o quanto o valorizam como mão de obra e pessoa. Algumas dessas ações envolvem um feedback construtivo, elogios, reconhecimentos, comunicação aberta e transparente, comunicação de resultados, interesse em manter um local de trabalho saudável e garantir oportunidades de crescimento.

*Neurocientista, psicanalista e psicopedagoga

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