Alerta contra a hepatite

27/07/2016 às 20:51.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:02
 (Editoria de Arte / Hoje em Dia)

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Carlos Varaldo*


Hoje, Dia Mundial da Hepatite, a atenção dos governos é desproporcional ao tamanho do problema. Desde 2013, o número de mortes causadas pela hepatite viral no mundo foi superior à soma de mortes causadas por outras três epidemias, aids, tuberculose e malária, mas a atenção dos governos e da mídia ainda não despertou para dar as hepatites virais a necessária visibilidade. 

O Brasil nos últimos anos passou a dar maior atenção as hepatites virais. O Ministério da Saúde por meio do Departamento DST/AIDS/Hepatites Virais possui um plano estruturado e com políticas definidas, mais ainda incipiente quanto a recursos. 

É estimado que existam 2,3 milhões de brasileiros infectados com hepatite C e aproximadamente 1 milhão com hepatite B. Encontrar esses infectados rapidamente é o grande desafio. Aproximadamente 80% dos infectados não tem conhecimento da sua infecção. Uma vez diagnosticados, o tratamento passa a ser o seguinte passo, ainda mais desafiador. 

A hepatite B, doença transmitida principalmente pelo sexo, ainda não tem cura. Possui efetivo controle com um tratamento simples de um comprimido ao dia, e a forma comprovadamente efetiva para evitar novos infectados é vacinar toda a população. 

Na hepatite C a transmissão sexual é muito rara de acontecer, não tem vacina, mas há tratamento que em somente 12 semanas consegue curar 95% dos infectados. O problema é o preço do medicamento. 

Nos países ricos cada tratamento custa entre 84 e 150 mil dólares. O Ministério da Saúde compra de forma centralizada conseguindo negociar descontos que no ano passado alcançavam 90% e na compra que deverá ser anunciada nos próximos dias o desconto é superior a mais de 95% do preço original, um exemplo de negociação colocado como modelo pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Em 2015, o Brasil ofereceu 15.000 tratamentos na hepatite C. Neste ano é estimado que chegaremos a tratar 30.000 infectados, e em 2017, a promessa é alcançar 45.000 tratamentos. Mas ante mais de 2 milhões de infectados será necessário chegarmos a tratar mais de 100.000 infectados por ano para realmente podermos afirmar que estamos enfrentando efetivamente a epidemia. 

Neste Dia Mundial da Hepatite deixo a sugestão para que os planos de saúde diagnostiquem e tratem as hepatites B e C. É absurdo que praticamente todos os tratamentos sejam realizados gratuitamente no SUS, inclusive os dos 50 milhões de brasileiros com planos de saúde. 

Estaríamos dessa forma ajudando a melhorar a superlotação dos hospitais públicos, deixando os mesmos para os brasileiros mais carentes e a saúde privada seria realmente suplementar. 

(*) Fundador e presidente da ONG Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite
 

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