Rodrigo Bocchi*
Por muito tempo o Brasil foi chamado de “o país do futuro”, uma promessa que, na área da inovação tecnológica, começa enfim a se cumprir de maneira clara e consistente. Nosso país vem se consolidando como referência não apenas para os vizinhos latino-americanos, mas também como um polo de soluções inovadoras observado de perto por mercados maduros ao redor do mundo.
Essa liderança já é visível em áreas estratégicas. O sistema financeiro, por exemplo, viveu uma verdadeira revolução com o Pix, sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central em parceria com instituições públicas e privadas. A iniciativa não só superou o dinheiro em espécie como principal meio de pagamento no país, como também movimentou cerca de R$ 26 trilhões apenas em 2024. O sucesso da ferramenta tem inspirado outros países da região a adotarem modelos similares, colocando o Brasil na vanguarda da transformação digital bancária.
Outro setor em que o país se destaca é a cibersegurança. Somos hoje o maior mercado da América Latina nesse segmento em termos de receita, conforme dados da consultoria Mordor Intelligence, que aponta crescimento anual da área em torno de 10% e faturamento de US$ 4,85 bilhões até 2027. Isso é, em parte, reflexo de uma realidade desafiadora: o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de países mais atacados virtualmente, atrás apenas dos Estados Unidos. Em resposta, empresas e instituições têm investido fortemente em proteção digital, e os resultados aparecem: o país passou a figurar, em 2024, entre os modelos globais no 5º Índice Global de Cibersegurança (GCI).
Mas o que nos trouxe até aqui? A chave está no comprometimento do setor tecnológico com a formação contínua de talentos e na abertura para aprender com os mercados mais avançados, como os Estados Unidos e a China. A habilidade de absorver tendências globais e adaptá-las à realidade local tem sido essencial para alimentar esse ciclo virtuoso de inovação.
A cultura de inovação também é respaldada por uma sociedade que, embora consciente dos desafios, é altamente receptiva à tecnologia. Segundo a 45ª edição do relatório “Data Stories – Tecnologia + Humanidade”, da Kantar Ibope Media, 88% dos brasileiros afirmam gostar de soluções tecnológicas que facilitem o dia a dia — número superior à média global. Isso contrasta com a preocupação de 70% dos latino-americanos em relação ao impacto da tecnologia nas relações humanas, evidenciando um espírito mais otimista e aberto no Brasil.
Esse protagonismo também se reflete no campo acadêmico e científico. Um levantamento do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, mostra que o Brasil possui 144 unidades de pesquisa dedicadas à inteligência artificial — reforçando seu papel como um dos principais centros de excelência em IA na região.
Esse apetite por inovação e resultados vai além do uso cotidiano da tecnologia e se estende também ao meio acadêmico e científico. Um estudo do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, revela que o Brasil abriga hoje 144 centros de pesquisa dedicados à inteligência artificial. Esse número coloca o país entre os principais polos de desenvolvimento em IA na América Latina, reforçando seu protagonismo na produção de conhecimento e inovação tecnológica.
O Brasil se move, não apenas para acompanhar o futuro, mas para moldá-lo. Com ousadia, resiliência e estratégia, estamos mostrando ao mundo, e especialmente aos nossos vizinhos, que o amanhã já começou por aqui.
*CEO da Delfia, curadoria de jornadas digitais