Ricardo Godoy*
Nos últimos anos, a indústria de entretenimento e mídia tem vivido transformações significativas, e uma delas se destaca de maneira indiscutível: a ascensão do streaming. A combinação de maior acesso à internet de qualidade, mudanças nos hábitos de consumo e a evolução das plataformas digitais alterou de forma drástica o mercado de TV por assinatura, como vemos claramente no Brasil. Com o fechamento de 2024, o setor de TV paga no país registrou sua menor base de clientes desde 2009, com apenas 9,3 milhões de assinantes, uma queda histórica de 21% em relação ao ano anterior. Quando comparado ao pico de 2014, quando 19,6 milhões de clientes estavam conectados à TV por assinatura, a redução é impressionante: 52,7%.
Este cenário reflete as mudanças de comportamento das novas gerações, que não estão mais fixadas diante da televisão. Elas estão em movimento. Estão conectadas, circulando, buscando a conveniência do que assistir a qualquer hora e em qualquer lugar. O streaming, com sua flexibilidade e a possibilidade de assistir a conteúdos on-demand, tornou-se uma verdadeira revolução. As pessoas querem ser as protagonistas da sua própria experiência de consumo de mídia. E é aqui que entra a verdadeira transformação: o streaming não apenas se consolidou como uma alternativa viável, mas está se expandindo para novos formatos que podem complementar ou até substituir modelos de negócios mais tradicionais.
Em termos práticos, o T-Commerce permitirá que os telespectadores interajam com a programação de uma maneira nunca vista antes. Imagine que, durante um jogo de futebol, após um gol ser marcado, um QR code aparece na tela, permitindo que o telespectador compre a camisa do time imediatamente, sem precisar sair da transmissão. Em um programa de culinária, os ingredientes utilizados pelo chef podem ser vendidos instantaneamente para que o público adquira diretamente pelo celular. A interação será simplificada, com o QR code como ferramenta-chave, conectando diretamente o conteúdo à experiência de compra, de forma prática e direta.
O T-Commerce pode transformar o modo como os anunciantes se relacionam com o público, permitindo uma monetização eficaz que combina entretenimento com compras em tempo real. Isso abre novas portas tanto para as marcas quanto para os consumidores, oferecendo um nível de personalização e de integração que vai além da publicidade tradicional.
É claro que a ascensão do streaming e a implementação do T-Commerce não significam o fim de modelos antigos de consumo, como a TV por assinatura. Porém, certamente, esses novos formatos vão acelerar a mudança de paradigmas e colocar em risco muitos dos modelos tradicionais. O futuro é da mobilidade, da interação e da personalização. A TV por assinatura já está caindo a um ritmo impressionante, mas novas formas de monetização, como o T-Commerce, surgem como oportunidades de adaptação ao novo cenário.
Em resumo, o streaming não é apenas uma moda passageira. Ele é a base de uma mudança estrutural no mercado de entretenimento. E a chegada do T-Commerce visa não apenas acompanhar essa revolução, mas também liderá-la, com o objetivo de criar um ambiente mais dinâmico, interativo e lucrativo para todos os envolvidos. O futuro do entretenimento e do consumo está sendo moldado todos os dias, e 2025 será de grandes novidades na forma de assistir TV.
*CEO e Fundador da Soul TV