Deus te ama e eu também

Publicado em 16/04/2022 às 06:00.

Mauro Condé*

“As pessoas não morrem, ficam encantadas...a gente morre é para provar que viveu” Guimarães Rosa.

Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento, usando como meio de transporte excelentes obras literárias estrangeiras.

Elas me levaram para a redação do jornal New York Times, em 1999, onde fui recebido por Robert Thomas Jr, a quem fui logo pedindo:

Ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.

- A vida tem mais sentido quando você procura tornar o outro uma pessoa melhor.

Robert escreveu um livro com uma coletânea dos melhores obituários que publicou no jornal, com o desafio de resumir grandes vidas em poucas frases.

Histórias de pessoas que se foram, mas deixaram marcas para sempre, entre as quais destaco:

Meyer Greenberg, que nos últimos anos de vida saía pelas sarjetas distribuindo pares de luvas aquecidas que tirava de um saco de lona pendurado no ombro.

Era um gesto em memória ao seu pai, que sempre lhe ensinou a prática do gesto da doação, com o lema de que “ser rico é estar aquecido”.

Sua intenção nem tanto era a luva, mas mostrar para as pessoas mais humildes que elas importavam.

Rose Hamburger, uma senhora que, antes de morrer aos 102 anos, se divertia justificando seu hábito de só arrumar namorados mais jovens por falta de candidatos mais velhos.

James Rouse, um cara que quando criança nunca entendeu ter que mudar de uma mansão para uma casa bem pobre, porque seu pai, ao morrer, deixou tantas dívidas que a hipoteca da casa precisou ser executada.

Por causa disto, cresceu com o propósito de vida de criar moradias dignas, mais baratas e acessíveis que as pessoas pudessem pagar.

Acabou inventando o primeiro modelo de casas populares da história, que até hoje beneficia milhares de pessoas pelo mundo.

Rachel Neufeld, que nasceu na Tchecoslováquia, nos anos 20, e sobreviveu à morte por várias vezes, quando fugiu dos horrores dos campos de concentração e do holocausto durante a guerra.

Foi encontrar a paz praticando o bem nos Estados Unidos, onde dizia estar no paraíso, quando saía de braços dados com a irmã para intermináveis caminhadas matinais.

Por acaso do destino, morreu atropelada por um ônibus num cruzamento quando atravessava para ir para casa.

E por fim Helen Bunce, que passou a vida toda fazendo tricô para caridade.

Produzia gorros, luvas e cachecóis de lã, que tinham como marca uma etiqueta com os dizeres:

“Deus te ama e eu também”

*Palestrante, Consultor e Fundador do Blog do Maluco

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