Dia do Trabalho ou do desemprego?

30/04/2016 às 17:38.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:13

JOSÉ ROBERTO LIMA (*)

Há algumas décadas, o incremento de novas tecnologias trazia uma grande promessa: as máquinas fariam boa parte de nosso trabalho e teríamos mais tempo para a família, para o lazer, para o desenvolvimento pessoal, para nós mesmos.

As tecnologias chegaram e, ao contrário do que se prometera, nunca estivemos tão ocupados. Ademais, diversas profissões foram extintas. Este é o destino muitas outras. 

Pergunte a um jovem se ele sabe o que é um datilógrafo e ele te responderá com uma pergunta: “Dati” o que? Não tente explicar que era uma das profissões mais promissoras, tampouco que os melhores advogados, médicos, engenheiros, professores etc. eram, antes de tudo, um bom datilógrafo.

Belo Horizonte está às voltas com a ameaça de extinção do trocador de ônibus. Onde e quando esses milhares de trabalhadores seriam realocados? Só Deus sabe.

Acrescente a este quadro a crise político-econômica em que estamos vivendo. E aí devemos nos perguntar: comemoramos hoje o dia do trabalho ou o dia do desemprego?

Não é por acaso que 13 milhões de pessoas estão se preparando para concursos no Brasil. Muitos estão atendendo a um chamado de vocação. Mas, claro: também se busca a estabilidade e a certeza de que receberão pontualmente o salário ao final de cada mês. E, do jeito que as coisas vão, a busca de muitas pessoas é de um emprego mesmo.

Poderia alguém perguntar se, com tantos desempregados, seria justo garantir a estabilidade para uns em detrimento de outros. Bem, a estabilidade no serviço público não está em detrimento de ninguém. Ela é uma garantia de continuidade dos serviços públicos, independente do grupo político que estiver governando.

Imagine uma tropa que foi treinada para combater o crime. Segue-se nova eleição e outro grupo político assume o poder. Então, seria justo demitir os que foram treinados e contratar uma nova equipe? Qual a garantia de que os novos contratados não seriam “amigos do rei”?

A estabilidade, que inegavelmente é uma grande vantagem para o funcionário púbico, faz parte da essência do Estado Democrático de Direito. Tanto que a maioria dos países dá esta garantia a seus servidores, independente das ideologias, das riquezas e das extensões territoriais.

Então, nestes tempos em que várias profissões são extintas, em que a realocação em novas atividades é uma “via sacra”, uma boa opção pode ser juntar-se aos 13 milhões que estão se preparando para concursos. Se esta for a sua opção, estude com afinco. 

É por meio dos estudos que surgirão suas melhores oportunidades de progresso, seja no serviço público ou privado. Afinal, o que você prefere comemorar neste e nos próximos anos: o dia do trabalho ou o dia do desemprego?

(*) Advogado, professor de Direito, palestrante, mestre em Educação, delegado federal aposenta do e autor de “Como Passei em 15 Concursos”. Escreve aos domingos.

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