E se o pacote não vier completo?

Publicado em 15/05/2024 às 06:00.

Antônio de Oliveira*

Comecemos extraindo um paradoxo d’As Brumas de Avalon, livro 3, O Gamo-Rei, p. 80: “Cuidado com o que pede quando rezar, pois isto lhe pode ser concedido”.

Entendo por paradoxo uma opinião contrária ao tido como bom senso, com aparente justificativa. A opinião pública, bombardeada por discursos demagógicos, nem sempre está do lado do bom senso. Ser contra fake news, pirataria e, ao mesmo tempo praticar atos ilícitos “y otras cositas más”; fazer discurso em favor da paz, durante o dia, e, à noite, agir na clandestinidade com radicalismos, violência e ódio. 

Uma palavra-chave abre a porta para subpalavras ou descendentes que lhes são familiares nesse contexto; corresponde a doxa, opinião comum, da qual derivam: 

(1) heterodoxo, que contraria padrões, hereges... 

(2) ortodoxo, de acordo com as normas vigentes, tradicionais e, finalmente, 

(3) paradoxo, autocontraditório.

Recolho de novo As Brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley, p. 84, “Talvez a paz não seja uma bênção completa. Sem a guerra, não há nada para se fazer na corte, já que a ocupação acabou, senão espalhar boatos e mexericos escandalosos”. 

Conforme Domenico De Masi, sociólogo italiano, falecido em 2023, “o ócio criativo, longe de ser negativo, é um fator que estimula a criatividade pessoal”. 

O ser humano é um paradoxo ambulante. Difícil conhecer os outros quando não nos conhecemos bem a nós mesmos.

* Professor

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