Jacqueline Rezende*
Um recente estudo do Instituto Ayrton Senna analisou a melhoria do desempenho profissional, conforme o maior grau de instrução do trabalhador. Em geral, os profissionais se tornam mais produtivos ao acumularem mais anos de estudo, contribuindo para o crescimento da economia. Entretanto, não se trata da realidade brasileira. Conforme a pesquisa, cada ano a mais de estudo no Brasil representa um aumento extra de produção de apenas US$ 200 por trabalhador. Os países como China e Coreia do Sul apresentam, respectivamente, de US$ 3.000 a US$ 6.800 de produção por trabalhador para cada ano. Quando se compara esses dados, pode-se observar uma grande diferença e a pergunta é qual é o problema?
As empresas focam muito em ter um trabalhador operacionalmente produtivo e que realize uma atividade fomentada, principalmente, na recorrência da execução e sem qualquer incentivo para ter um pensamento estratégico diferenciado. A falta de produtividade é resultado da baixa qualidade da educação, da gestão ineficiente das empresas e dos profissionais, da falta de capacitação das pessoas e da intelectualização dos profissionais com foco em resultados. Os profissionais não são qualificados para pensar estrategicamente, mas para ser operacionais, de forma a invalidar a capacidade de crescimento.
É preciso alertar os empresários sobre a necessidade de investir, de fato, nas pessoas, pois são o maior desafio. É necessário descobrir quais são as potências que se têm dentro da equipe. Investir, educar e capacitar são palavras de ordem, porque o perfil do brasileiro é empreendedor, não se deve carregar esse estigma de povo preguiçoso e de baixa produtividade. O brasileiro gosta de montar bons negócios, ser inovador e de criar novas oportunidades.
Os empresários devem incentivar o desenvolvimento de seus colaboradores e multiplicarem as competências, incentivá-los a serem profissionais de sucesso e multidisciplinares, capazes de assumirem riscos, de solucionarem problemas, de realizarem uma análise crítica das situações e conhecerem os setores da empresa e, assim, construírem um conhecimento globalizado com a participação de todos nas conquistas. Uma organização que estimula a multiplicidade de competências de conhecimento técnico, com foco na execução do trabalho, com certeza, se fortalece frente ao mercado e consegue aliar desenvolvimento e produtividade.
(*) Especialista em gestão estratégica de pessoas e diretora da Sias Consultoria e Gestão