Lagoa da Pampulha, despoluição e consciência social

Publicado em 10/07/2024 às 06:00.

Rafaela S. Polanczyk*

A Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, está em desequilíbrio ecológico, desde que me entendo por gente. A despoluição é um desafio histórico e persistente, pois envolve 44 córregos na bacia. A poluição aquática na região é tão grave que já resultou na redução de 30% do espelho d’água e 50% do volume da Lagoa. A verdade é que esse dano é irreversível e compromete a qualidade da água, a fauna e, inclusive, a população local.

A falta de infraestrutura para saneamento é o principal poluidor. Nem sempre, por exemplo, as vilas e favelas estão ligadas à rede de esgoto e acabam jogando na rede pluvial que chega na lagoa. Além disso, muitos moradores na própria Pampulha ainda não têm casas ligadas ao saneamento e não é por falta de aviso. 

Vale alertar, entretanto, que a sujeira não decorre apenas do esgoto, mas, também, do descarte inadequado de resíduos. A poluição difusa é outro grande contribuinte para a degradação da área, receptora de lixo com a água da chuva. Atualmente, os responsáveis pela limpeza da região removem de cinco a dez toneladas diárias de lixo.

O projeto de despoluição da Lagoa da Pampulha é, portanto, um “guarda-chuva” para um problema mais profundo e, infelizmente, longe de ser apenas “estético”. O debate também abrange a proteção de moradores em situações vulneráveis e sem acesso a saneamento básico.

É preciso destacar que a discussão ainda deve incluir o manejo eficiente do lixo urbano, alertando sobre a consciência individual da população na hora do descarte de lixo. Ademais, a alta proliferação do Aedes aegypti, o mosquito da dengue e, os ocasionais surtos de doenças, como esquistossomose, leishmaniose e febre maculosa, são comuns na região. 

Dessa forma, a despoluição da Lagoa da Pampulha depende de responsabilidade coletiva contínua para exigir, não apenas políticas públicas efetivas, porém, também ações individuais com maior consciência ambiental. Somente com compromisso contínuo que a justiça social e ambiental será alcançada.

A educação do público sobre a importância da preservação ambiental é tão urgente que escrevi um livro juvenil sobre o tema: “O Fundo Invisível da Lagoa”. A obra sai pela Literíssima Editora com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Convido o leitor para um mergulho nas questões socioambientais envolvendo a poluição da Lagoa da Pampulha.

O assunto é abordado por meio da história de Luana que, acidentalmente, cai na Lagoa da Pampulha e encontra sereias pedindo ajuda. A história também discute a relevância das comunidades indígenas no Brasil para a preservação ambiental, buscando valorizar a cultura dos povos originários, apresentando alguns Encantados, que também ajudam na jornada para salvar as sereias. A proposta é que esse livro de fantasia sirva como um catalisador para um movimento mais amplo de responsabilidade com Belo Horizonte, alertando que cada gesto conta para construção de um futuro mais sustentável. O lançamento será nos dias 12 e 13, em BH.

*Escritora

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por