Paulo Paiva*
A prosperidade das nações desde a segunda metade do século 18 se deve a vários fatores, entre eles destacam-se as conquistas tecnológicas que impulsionaram o desenvolvimento industrial e o rápido crescimento populacional. Na base desse processo está o uso ilimitado de energia de origem fóssil, não renovável, como o carvão mineral e o petróleo.
Ocorreu, então, extraordinário aumento da renda e do consumo de parcelas crescentes da população nos países que se industrializaram como os da Europa Ocidental e os Estados Unidos e Canadá, no continente americano. Após a segunda guerra mundial, essa prosperidade se expandiu para países asiáticos, latino-americanos e africanos.
A população se concentrou em centros urbanos, surgindo as grandes metrópoles. A urbanização foi acompanhada de aumento das desigualdades, concentração de pobreza e produção de lixo não reciclável.
O aumento da produção agrícola se deu pela combinação de avanços tecnológicos com a ocupação de áreas até então inexploradas. Ampliaram-se as devastações de florestas e a desertificação. Se o bem-estar da população, medido por indicadores de renda e consumo, melhorou, o planeta ficou doente.
A preocupação dos líderes mundiais com as mudanças climáticas e o aquecimento global têm levado os países a firmarem acordos para minimizar essa devastação que poderá tornar a vida inviável no planeta.
São muito preocupantes os sinais dados pelo presidente eleito dos Estados Unidos em propor como uma de suas primeiras medidas a retirada do apoio de seu país aos acordos multilaterais relativos ao controle das mudanças climáticas.
Este não é apenas mais um ato de voluntarismo de Donald Trump, senão o compromisso seu e do partido republicano com o que há de mais atrasado na economia americana, construída sobre as cinzas do carvão e dos gases do petróleo. É a aceleração de uma guerra, lenta, mas contínua, contra o efetivo bem-estar da população mundial.
(*) Professor associado da Fundação Dom Cabral. Foi ministro do Trabalho e do Planejamento e Orçamento no governo FHC