Minas Gerais, pare de desmatar a Mata Atlântica!

04/08/2016 às 20:29.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:10
 (Editoria de Arte)

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Marcia Hirota e Mario Mantovani*

A velha máxima de “quanto mais se tem, mais se gasta”, numa adaptação livre para “mais se desmata”, faz todo sentido ao observarmos os dados do último Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica.

Minas Gerais, o Estado com maior área do bioma – restam 2,8 milhões de hectares (ha) de Mata Atlântica – voltou a liderar o ranking dos maiores destruidores dessa que é a floresta mais ameaçada do país. Mais de 40% dos 18.433 ha de vegetação nativa perdidos entre 2014 e 2015 ocorreram no Estado, que nos últimos anos nunca deixou de figurar entre os maiores desmatadores do bioma. Foram destruídos 7.702 ha, alta de 37% em relação aos 5.608 ha perdidos no ano anterior. 
A principal causa da perda de florestas foi a atividade de mineração, sendo que a maior parte aconteceu no Noroeste do Estado. Outro fato marcante foi o registro de um desmatamento de 258 ha na cidade de Mariana, 65% deles (169 ha) decorrentes do rompimento das barragens da mineradora Samarco, em novembro de 2015. 

Importante destacar que Minas Gerais, assim como os outros 16 Estados do bioma, é um dos signatários da carta “Nova História para a Mata Atlântica”, no qual as secretarias de Meio Ambiente assumiram, em maio de 2015, o compromisso de investir em restauração florestal e alcançar o desmatamento ilegal zero até 2018. 
Passado o primeiro ano do pacto, os dados apresentados pelo Atlas não apenas frustram a expectativa de já assistirmos os primeiros passos à erradicação do desmatamento, como apontam o quanto ainda precisa ser feito para que essas metas se tornem uma realidade. 

Só quando a agenda ambiental estiver no centro das decisões políticas, sociais e econômicas da gestão pública é que daremos um passo estratégico para que nosso país se desenvolva de forma sustentável. Como aponta a carta “Nova História para a Mata Atlântica”, a sociedade não admite mais que o desmatamento de nossas florestas, um patrimônio nacional, seja o preço a pagar pela geração de riqueza. E o governo mineiro precisa ouvir esse recado: Minas, pare de desmatar a Mata Atlântica!


(*) Respectivamente, Diretora-executiva e diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica

 

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