Mauro Condé*
“O segredo da felicidade não é fazer sempre o que se quer, mas querer sempre o que se faz”.
Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento, usando como meio de transporte excelentes clássicos da literatura mundial.
Eles me levaram para o ano de 1910, na cidade russa de Tula, onde fui recebido por Liev Tolstói, a quem fui logo pedindo:
Ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.
- Nunca permita que sua ambição se transforme na sua maior perdição.
Tolstói foi um dos maiores escritores russos que eu já li. Entre seus clássicos, destaco o conto “De quanta terra precisa o homem?”.
Nele, um humilde camponês, de nome Pakhóm, um dia cai na bobagem de exclamar em voz alta:
“Se eu tivesse muito dinheiro, adquiriria muita terra e não temeria nem mesmo o próprio diabo”.
Para seu azar, o diabo, por acaso, ouve o que ele diz, por estar escondido bem próximo dele.
E resolve transformar Pakhóm no maior latifundiário da região, para testar os seus poderes.
Enfeitiça o camponês de tal forma que ele se endivida e adquire todas as terras possíveis da vizinhança.
Não satisfeito com o grau de cobiça e ambição despertado, o diabo se disfarça de chefe de uma grande aldeia siberiana e aparece para lhe lançar um desafio:
Ir para a Sibéria e lá, em troca de míseros trocados, adquirir a maior porção de terras que ele consiga demarcar em um só dia.
Mas com uma condição e um limite – que ele retorne a pé ao ponto de encontro, antes do pôr do sol, sob o risco de perder tudo o que já conquistara na vida.
Possuído pela ganância extrema, Pakhóm não só aceita o desafio, como decide se alongar para um pouco além do horário estabelecido, a fim de conquistar ainda mais terras.
Tenta compensar o atraso com uma corrida acelerada no caminho de volta, no meio da neve fina, até avistar uma montanha, para a qual se dirige para checar o quanto falta para alcançar o pôr do sol.
Com o coração disparado, ele passa mal e cai morto, bem aos pés do diabo, que balança a cabeça, dá um sorrisinho e exclama:
- Estes humanos não tomam jeito!
- Para que acumular tanta terra em vida, se ao final dela, a eles é destinado um pequeno espaço com menos de dois metros de comprimento apenas?
E você? De quanto você precisa para ser feliz?
*Palestrante, Consultor e Fundador do Blog do Maluco.